26.2.03

Confusão

Essas duas tresloucadas, a Saudade e a Esperança, vivem ambas na casa do Presente, quando deviam estar , é lógico, na casa do Passado e a outra na do Futuro. Quanto ao Presente - ah! - esse nunca está em casa. Mario Quintana (A cor do invisivel)

24.2.03

Uma cena inesquecível: a mendiga e o seu cão

Sábado, ao meio dia, uma mendiga sentada na calçada do Boulevard 28 de Setembro, aqui em Vila Isabel, dividia com o seu cão, a comida retirada em pequenas porções de uma quentinha de alumínio, e colocava cuidadosamente em um pedaço de jornal. E o cão pacientemente esperava ela completar cada porção para depois ir comendo aos poucos. A cara do cão e a sua expressão corporal naquele momento, traduziam gratidão à sua dona. Os cães também têm sentimentos. Alguém duvida?

22.2.03

Marionetista espanhol mundialmente famoso se apresenta de graça, no Teatro de Marionetes do Aterro do Flamengo

Amanhã, domingo, às 11 hs. no Teatro Carlos Werneck, no Aterro do Flamengo, à altura do número 300 da Praia do Flamengo, um espetáculo imperdível: o marionetista espanhol JORDI BERTRAN. Recomendo entusiasmada. Já tive o privilégio de assistí-lo fora do Brasil e aqui no Festival Internacional de Teatro de Bonecos, em Canela, no Rio Grande do Sul. Maiores detalhes aqui no outro blog,
o Teatro ETC & Tal.
Galera do Ernesto e CPM 22

Nesta quarta-feira, eu fui de acompanhante da galerinha do Ernesto -- meu sobrinho de 14 anos, completados ante-ontem -- para assistir no Canecão, o show do CPM 22.
A noite começou movimentadíssima, desde a nossa chegada às oito e meia e já àquela hora, uma fila imensa em frente ao Canecão. Mas com essa turma não tem problema, fomos furando a fila, ficando junto com os amigos do Ernesto, os primeiríssimos da fila, e pra variar todos de tenis AllStar e roupas pretas. Eu fiquei muito insegura com tal atitude, achando que íamos ter que sair dali, e isso foi só até a fila andar, e ninguém reclamar. A confusão era tanta que eu acho que lá atrás nem notaram, que um grupo de umas dez pessoas furaram a fila. Lá dentro do Canecão, primeiros a entrar, pudemos escolher os melhores lugares de frente para o palco, naquele primeiro plano elevado, separados pelos corrimãos de ferro. E eu fiquei na ponta, um pouquinho afastada deles, porque não pegava nem bem a tia do Ernesto ficar colada na galera.

Atenção pais e mães, não pensem que foi na pista em frente ao palco. Nunca. Isso seria quasi uma desobediencia civil depois de tantas recomendações dos pais. Afe... tenho que medir as palavras, para evitar mal-entendidos por causa de pais e mães que porventura lerem o meu blog.

Matusa roqueira pensou que era uma briga, a forma contemporânea de dançar rock

O show promovido pela Radio Fluminense marcado para começar as nove e meia começou quasi dez com a LEELA, totalmente desconhecida para mim, e que eu pensei até hoje que fosse o nome da cantora. Hoje quando eu abri o endereço do site que ela anunciou no show, fiquei sabendo que era o nome da banda. Não entendí os rasgados elogios à loura e à banda feitos pelo Fausto Fawcett lá no site, dizendo que a tal loura ensinava " um comportamento alternativo para as meninas ". Decididamente Fausto Fawcett não é mais o mesmo. O elogiado som da banda, não passa de baladinhas com letras bem fraquinhas. A cantora e guitarrista, sexy, e em trejeitos sensuais cantava letras de músicas tipo vem " ficar comigo ", ou " fica dentro de mim " com duplo sentido, agitando a rapaziada, e alguns gritavam " puta, puta ", em tom de grande saudação. Caraca, estou até agora sem saber se era xingamento ou uma nova forma de elogio roqueiro. Outros de braços levantados, faziam aquele conhecido gesto unindo os dois indicadores e os polegares, parecendo ser outro tipo de saudação à sensual cantora. Tosteronas a mil, os cuecas começam a dançar e a pular abrindo um circulo no meio da pista, formando uma clareira, onde aos poucos vão entrando alguns e em gestos de luta com punhos cerrados e movimentos de lutador de box se empurram, se batem até fechar o circulo para depois ir abrindo novamente, e assim sucessivamente, numa estranha e perturbadora coreografia. Cheguei a pensar que estava acontecendo uma briga generalizada. Assustada e nervosa, comecei a comentar e a falar alto, quando alguém do meu lado falou que era só uma dança. Nada demais. Ainda bem.

Apesar de estar me sentindo uma matusa no meio daquela garotada, e completamente por fora do comportamento roqueiro pós moderno, se é que cabe essa classificação para eles, deu para sacar desde o início, a predominância de duas galeras: a dos marombados com aquele indefectível bonézinho de aba para trás, e os do tenis AllStar, roupa preta e bem mais jovens, na faixa de 12 aos l6. E eu temí pela galerinha dos tenis AllStars porque entre os marombeiros, tinha uns bem mais velhos, fortões e mal encarados. Com o Canecão completamente lotado e o espaço á minha volta todo tomado, eu não conseguia ver a galerinha. Mas tudo bem, parece que estão todos ali. Ou não. Ah, viagem minha... só não tá dando para enxergar. Surprêsa, constatei que a garotada conhece e canta junto com a banda as letras das músicas. Enfim, a loura da Leela se despede, dando o endereço do site, e anunciando o próximo show. Um intervalo de uns quinze minutos para descanso, confraternização e uma coca-cola.

Velha roqueira do Voador, delírios, mantras e doidões

Segundo tempo: TIHUANA, uma banda que mistura sons latinos com rock pesado, ótimos músicos, e as letras das músicas com algum conteúdo politico e altas reflexõs de vida. Gostei deles, relaxei, e em pouco tempo, estou lá aos pulos, cantando e dançando como uma velha roqueira dos tempos do Voador ( e sem sair do meu lugar, claro) apesar de carregada de bolsas. Olha só que figura! E lá pelas tantas, no auge da minha animação roqueira, eu pensei que era o Ernesto que vinha buscar dinheiro na bolsa, quando sentí que alguém pegava a minha mão, e vejo um rapaz se abaixando e beijando a minha mão e pedindo a benção, e falando " isso é rock puro, isso é rock " " benção ", e logo vem outro e beija também a minha mão e fala " benção" , ato contínuo, foram se afastando sem dizer mais nada, com aquele sorriso doidão. Muito loucos. Não entendí nada dessa cena. Poderia ser também uma simples gozação com a matusa roqueira. Enquanto isso, lá na frente do palco, em plena písta, a pauleira come solta naquela dança louca de porrada , e eu ali na frente mesmo na plataforma e protegida pelo corrimão de ferro, sou empurrada pelos que estão em baixo, querendo se livrar dos empurrões e socos dos marombados.

A essas alturas, eu não conseguia ver as crianças e nem sair do lugar onde eu estava, mesmo porque combinamos que eu não sairia dali. Cadê as minhas crianças ? Comêço de pânico e uma angustia danada, comecei a delirar e de repente visualisei o Ernesto dançando no circulo, e aos pulos lá no meio daquela confusão da pista lá na frente. Não é verdade, eu estava apenas delirando. Bem, a partir desses delirios, entortei de vez, mas adepta do ecosofismo (obrigada ao Félix Gattari) não podia dar espaço para pensamentos negativos, comecei então a recitar os meus mantras, e torcendo para que o CPM 22 entrasse logo para terminar o show. Passando da meia noite acaba o show do Tihuana com a galera a mil, e sem camisa, retirada para os ultimos acordes do TIHUANA. Daí eu tive que me abaixar porque as camisas enxarcadas de suor sendo agitadas para o alto naquela animação toda seria o mesmo que levar uma surra de toalha molhada -- especialidade da Denilma, mulher daquele senador de Alagoas. Ufa! Acabou a segunda parte do show sem maiores confusões. Graças aos deuses da música. Eles existem, e estavam lá protegendo inocentes crianças.

Intervalo. Agora, estão todos ali sentados pelo chão, na pista, nas plataformas, descansando para enfrentar a terceira parte do show. O Ernesto aparece para pegar a carteira com o dinheiro dele, e volta logo depois com mais uma outra bolsa de alças para esta tia tomar conta, e agora eu tinha quatro bolsas penduradas pelo corpo.

Um show á parte a performance voadora dos roqueiros mais desinibidos

E á meia noite e meia passada, enfim no palco, a atração principal: CPM 22. Hardcore puro. Maior power. Adrenalina a mil. Delírio total. E recomeça a famigerada dança do circulo, desta vez mais entusiasmados e exaltados, e tanto que acabou rolando uma briga para valer, mas logo foi apartada pelos seguranças e os mais velhos daqueles marombados. E nessa adrenalina, os mais desinibidos, começam a subir no palco, e de lá se jogar na platéia. Alguns mais saidinhos, logo foram levando safanões e empurrões dos parrudos seguranças do Canecão, sendo que um deles chutou um desses rapazes. Foi o bastante para o vocalista do grupo chamar a atenção para o fato, e dizer que não queria o seu público sendo chutado do palco. Pediu a eles, os seguranças, que deixassem a garotada subir ao palco e se jogar. Ah, era a deixa que faltava. A partir daí, era um tal de subir e pular de frente, de costas, ininterruptamente, até o final do show. Um espetáculo á parte, dentro do show. E para mim, a descoberta de um comportamento nunca dantes imaginado em qualquer tipo de platéia. É uma performance corporal que requer não sómente preparo físico, mas também coragem e confiança nos aparadores. Será que eram todos amigos e se revezavam no pulo e na hora de hora de aparar? Quem sabe.

O inusitado espetáculo prossegue com um ou dois performáticos de cada vez, ou até em grupo, valendo dar uma volta completa no palco, aos pulos, cumprimentar os músicos todos, e ainda provocar os seguranças. Lá pelas tantas, até as meninas participararam, contei umas cinco ou seis. Mesmo proibidos os seguranças não deixavam de dar algum empurrão e apressar a saída do palco daqueles mais exibidinhos. Teve um desses que ficou se exibindo além do tempo, e um segurança empurrou-o do palco para o pulo. O cara no ar, voando literalmente do palco para a platéia, levanta o braço e aponta o dedo médio para o segurança naquele conhecido gesto de mandar tomar caju. Acabou virando uma grande bagunça no palco, e por vezes até atrapalhava o show. Os garotos do CPM 22 parecia que estavam gostando de toda aquela bagunça.

A essas alturas, eu pensava como iriamos sair dali naquela confusão, quando o show terminasse. Estou nessa, segurando a minha aflição, quando chega calmo e confiante o meu sobrinho Ernesto para me levar para outro lugar, onde estavam as menininhas da galera. Fomos abrindo caminho até chegar à terceira
plataforma do lado esquerdo do palco, a mais alta, encostada à parede. E chegando lá vejo uma placa branca em letras vermelhas, sinalizando alí naquele local, a saída de emergência. Isso é Ernesto, um estrategista de primeira. Não é atoa que ele foi eleito líder de classe. (hi, ele vai odiar isso, ele não quer mais ser lider de classe). Dali, longe do tumulto, eu assistí mais uma meia hora de show, e vendo de outro angulo a performance corporal dos roqueiros circenses.

Passava das duas horas da manhã, quando terminou o show. De onde estávamos a saída foi tranquila. Intranquilos estavam os pais e mães que não paravam de telefonar. Nunca imaginaram que o show fosse acabar tão tarde. A garotada, todos exaustos, enxarcados de suor, famintos, mas felizes. E eu também. Muito.

20.2.03

Parfois le lundi...

A semana promete.
Cheguei atrasada no trabalho, e comecei às 8,45 hs com atraso de quinze minutos, um atendimento individual a um menino que vem do outro lado do Rio -- ele e a sua Mãe saem de SãoJoão de Meriti de madrugada para chegar em Vila Isabel, no horário da minha aula. Vergonha, é pouco para o que eu senti.

Aluno novo brigão na turma, uma saia justíssima por causa de dois alunos que se estranharam, e ainda bem que além de ligeira escoriação no joelho, não houve nenhum outro ferimento. Um aluno novo de doze anos que entrou hoje, bateu no de nove -- os dois têm identica ficha clínica: sérios disturbios comportamentais e desenvolvimento psico motor aquém da idade -- isso tudo numa fração de segundos enquanto eu estava de costas para eles, passando um trabalho diferente do restante da turma para outra aluna -- uma menina adolescente, muda por opção.

Um louco invadiu a minha sala. Não bastasse a manhã, á tarde um susto respeitável. Um rapaz conhecido dentro da instituição, ex-usuário da FUNLAR, invadiu a minha sala, localizada no final do corredor por onde não passa ninguém. Falando umas coisas estranhíssimas, tirou um papel em branco da carteira para eu ler, e não dizendo coisa com coisa, mas o texto principal não deixava dúvidas quanto às suas intenções, quando eu pedía para ele se retirar, sem querer demonstrar medo, e já apavorada com aquela situação, enquanto ele repetia a frase aterrorisante:
-- Eu só quero fazer uma brincadeira com você, fica parada, não fala nada e bota as mãos na cabeça!.
Nesse momento eu avistei pelo vidro da porta, a presença no corredor de um funcionário da limpeza, dando-me a coragem necessária para reagir. Corrí e abrí a porta de saída. E ao avistar o funcionário, que sem entender nada ficou parado só olhando para dentro da sala, o louco foi saindo devagar, olhando para mim com uns esbugalhados, sem dizer palavra.
Detalhe: todos os funcionários da limpeza são surdos e mudos.

Cortaram o meu ponto. É a primeira vez que isso acontece comigo. Ainda não sei se vão cortar, mas o fato é que estava marcado onde eu assino no livro do ponto, pedindo para comparecer ao setor pessoal. Não sou funcionária da FUNLAR, nem da Prefeitura, sou professora contratada da Faculdade e Escola Angel Vianna, a qual vem desenvolvendo há oito anos, um projeto terapêutico-educacional dentro da FUNLAR -- órgão da Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura do Rio. A verba destinada a esse projeto específico, é paga pela Prefeitura, e em sua totalidade, destinada ao pagamento das cinco professoras. E por causa disso, a FUNLAR nos obriga a assinar o ponto como qualquer outro funcionário da Prefeitura. Hoje, eu cheguei atrasada, o livro do ponto já tinha sido recolhido lá do balcão do andar térreo. E eu esquecí de comparecer ao setor pessoal nesse momento para assinar o bendito do ponto com o horário correspondente à minha chegada. Antes disso, eu tinha outros procedimentos urgentíssimos para a primeira aula do dia, em outra sala que não a nossa, e em outro andar, carregando para essa sala todo o material específico da minha aula. A essas alturas da minha vida, e com todas as árduas conquistas na minha trajetoria profissional, tenho de me submeter a esse cotidiano estressante São as regras do jôgo, e eu me esforço no seu aprendizado, porque acima disso tudo, está a importância do trabalho desenvolvido pelo Nucleo Angel Vianna na FUNLAR.

Folhetim À noite, posta em sossego no recesso do meu lar, depois das agruras dessa segunda-feira tenebrosa, quando um inusitado telefonema altas horas da noite, veio abalar a minha calma. Sorrateiro, aquele posseiro, com uma segurança impressionante, vem chegando pronto para se instalar em terreno que ele supõe vazio. Página virada e revirada do folhetim da minha vida.

16.2.03

Esse FanArte foi presente de uma atriz e webdesigner, leitora assídua do meu blog de artes cênicas. Ela diz que o FanArte tem a minha cara. Adorei. E o mais incrível é que eu já me fantasiei de pierrete no Carnaval -- uma fantasia igual a do desenho com a boina e tudo, há long... longs temps... quando eu ainda gostava de festa de Carnaval. E eu penso que a Soninha nem havia nascido nessa época de antanhos. Valeu, menina.

15.2.03

O correr da vida embrulha tudo.

A vida é assim:

esquenta e esfria,

aperta e daí afrouxa,

sossega e depois desinqueta

o que ela quer da gente é coragem.

Assim versou Um Chamado João -- o Guimarães Rosa.

12.2.03

Sedução em feitío de oração

Domingo, depois de dançar na praça de Jurujuba com o pessoal do Teatro de Roda, eu fui conferir o que estava rolando numa casa mais do que centenária, daquelas que as portas e as janelas ainda são de madeira, localizada bem em frente de onde estávamos. Chegando lá, verifiquei que era uma reunião de evangélicos, ou coisa parecida. Fiquei na porta, só olhando. Pessoas de todas as idades, bonitos, saudáveis, alegres. Nesse momento, eles estavam naquela postura de braços levantados, despertando a minha atenção para a espontaneidade e a alegria dessas pessoas nesse simples gesto. O levantar dos braços tinha uma fôrça e uma qualidade de expressão que me encantaram. Gostei daquele povo e de l'ambience. A música, ao vivo, era animada e um rapaz jovem de uns trinta anos, o qual deveria ser o Pastor, comandava a reunião, e pedia ao microfone:
-- Vamos aos abraços. Agora os abraços. Quem for abraçado vai fazer um pedido.
Nisso, os abraçadores, já se encaminhavam para abraçar, e vem vindo em minha direção, um rapaz lindo, louro, alto, queimado de praia, e eu entrei numas de não acreditar que aquele Deus viesse me abraçar. Vinha. Chegou perto de mim e me abraçou delicadamente pelo ombro. E o Pastor, continúa:
-- Quem foi abraçado vai pedir uma oração.
(Ops!) Eu abraçada com aquele colosso da natureza resolví mudar o texto e mandei essa:
-- Lembre-se de mim nas suas orações.
Digo esse texto bem dramática, bem teatral, para me arrepender em seguida porque soou falso, e um pouco gaiato. O lindo me olha nos olhos com aqueles grandes olhos esverdeados, e chega mais perto, a minha cabeça dava na altura abaixo dos seus ombros. Então, ele abaixa a sua cabeça e me segura mais firme, agora estamos frente a frente, e ele começa a dizer um texto de oração de uma forma completamente diferente do que seria de se esperar de uma simples reza. Com a sonoridade de uma bonita voz, o texto sai fluente, envolvente, destacando todas as nuances do texto, mas dando uma intrepretação completamente inusitada às falas da oração, e com uma verdade impressionante -- um ator não faria melhor. Ele ia se empolgando e ficando cada vez mais próximo, dando para sentir o cheiro agradável do seu perfume. Eu fechei os olhos, e parecia que eu não estava ali e que a situação era outra, em outro local. Acabando a oração e o abraço diminuindo de intensidade, fora de órbita, digo a primeira coisa que me vem à cabeça, tipo obrigada ou legal, nem lembro direito. O lindo ficou ali parado ao meu lado, e eu ali, paralisada, sem dizer palavra. Muda. Lá pelas tantas, quasi no meu estado normal, eu perguntei
aleatoriamente:
-- Que igreja é essa ?
-- Igreja Evangelica A Palavra, responde o incrível sedutor.
Falou isso, e apontou uma cadeira (não tinha banco de igreja, eram cadeiras de madeira e palha rustica), pedindo para eu sentar. Daí eu me dei conta que o pessoal estava me esperando, me despedi rápida e voltei para a praça. Encontro o pessoal cercado pelas pessoas da Associação dos Moradores, acertando os detalhes do curso que eles vão dar lá em Jurujuba. De repente, tomou conta da praça um som de uma música que não parecia ser de igreja, lembrava mais uma canção de folclore, ou um ponto daquelas canções macumbeiras: "Quando eu cheguei aqui, meu Senhor das Águas" ... ( essa música não me sai da cabeça). Eu comecei a dançar e repetir o refrão da música, e num ímpeto, atravessei a rua aos pulos, e entrei novamente na igreja.

Quando adentrei veio o lindo louro e eu fui logo perguntando de quem era aquela musica, ou se era de folclore? Nada disso. Era uma música antiga da igreja. E foi chamar a tia para explicar melhor. E de repente, eu estava rodeada pela tia, pelo tio, e por outros evangelicos que vinham me abraçar e conversar. Outra surprêsa: eles abraçam com uma qualidade de intenção e segurança de quem entende desse gesto. Aproveitei para fazer algumas perguntas, e fiquei sabendo que a igreja era uma filial de São Gonçalo, e ainda não tinha filial no Rio, mas estava em cogitação. Fui apresentada a um outro bonitão, "responsável pelos assuntos eletronicos", que escreveu num pedaço de papel o endereço eletrônico.

Nesse momento, passou por nós um menininho de uns seis ou sete anos que estava brincando na frente da igreja quando eu entrei, e perguntou se eu queria água. Respondi por responder. E o garotinho entrou por uma porta lateral dentro da igreja, e sumiu. Coisas de criança, pensei. Onde vai ter água aqui? Alguns minutos depois ele volta equilibrando um copo de plastico grande, descartável, cheio até a borda, de água bem gelada. Esse povo é muito sedutor, desde pequeninhos já estão sabendo agradar. Logo chegou um amigo que vinha me chamar, e viemos embora. Chegando em casa, rápida fui tomar nota do endereço do que eu pensava ser um enderêço de e-mail, mas era o do site da Igreja. E oh, decepção! Ao vivo, na real e naquele local eles são muito melhores e mais interessantes. Só pelo site, nunca me aproximaria da Igreja Evangelica A Palavra do Senhor.

9.2.03

* Dia de sol, festa de luz, e um barquinho á beira mar ...
hum...lembrei da música agora... ah, deve ser porque está
combinando com o meu astral.
Estou indo agora para a Praia de Jurujuba, em Niteroi, numa colonia
de pescadores, a convite do pessoal de Teatro de Roda que vai lá
fazer uma performance de canto e dança de roda. Vamos nessa
que é bom á bessa...

8.2.03

Interpalco
Esta revista on-line me pediu para copiar um comentario do Teatro ETC & Tal sobre "O PENHOR DESTA IGUALDADE", espetáculo da Maria Teresa Amaral. Fiquei muito lisongeada com o pedido, porque a revista Interpalco é muito bem referendada no meio teatral. Publicaram com destaque e até hoje continúa a chamada na capa da revista com todo o destaque e o link para o meu comentário. Relendo agora, eu gostei do que eu escrevi.
Espetáculo internacional no Aterro -- e de graça

Domingo as 11 hs. da manhã no Teatro Carlos Werneck (Aterro do Flamengo, á altura do n. 300 da Praia do Flamengo) um espetáculo imperdível. Leia os detalhes aqui no outro blog.
* Aqui no meu blog de artes cênicas, o Teatro ETC & Tal , a dica dos melhores espetáculos em cartaz no Rio, pela minha ótica. Aproveitei a deixa de um amigo blogueiro que mora fora do Rio, e pediu indicações de espetáculos com a melhor dramaturgia, e daí eu fiz uma seleção dos melhores, entre todos os espetáculos em cartaz..

7.2.03

Quem plantar a paz, vai colher amor.

Estou com essa música na cabeça há vários dias. Não sou Mangueirense e nem gosto de carnaval, mas adoro o estilo do bom e velho Jamelão. Sou fã incondicional desse negão. Ele, cantando Lupiscinio Rodrigues, não tem pra mais ninguém.
* Detestei o espetáculo do grupo paulista Cemitério de Automóveis que fui ver no domingo, no Teatro Sergio Porto. Badaladísimo, prêmio APETESP e Shell, mas fiquei decepcionada e sem entender o porquê dos premios para o espetáculo e o autor, o Mário Bortolotto que é também ator, iluminador e sonoplasta -- uma espécie de faz tudo em teatro. Mó decepção, meu !

4.2.03

testando comandos ... teste .... ai,ai,ai começou de novo a confusao dos templates!
This is my new blogchalk:
Brazil, Rio de Janeiro, Vila Isabel, Portuguese, French, Ruth, Female, Performing Arts. :)
Ele voltou! O matusa esqueceu até como se bloga. Tá blogando nos "comments". Vou arriscar um palpite furado: ele não gosta de postar normalmente na página do blog. O negócio dele é postar nos "comments", a cause aquele ti-ti-ti todo com a mulherada.

2.2.03

* Uma passadinha rápida aqui pra lembrar que agora á tarde é a última chance para ver Danças do Porão no Paço Imperial. Depois não digam que não foram avisados. Vou ver pela terceira vez. Depois vou ao CCBB, ver Emaranhados da atriz e bailarina Juliana Manhães (coordenadora do nosso ex-grupo de dançarinos de cacuriá do Maranhão, o "Divina Curriola". Saudades.) Ah, e depois, se ainda der tempo pretendo passar no Teatro Sergio Porto para ver o trabalho dos paulistas. Detalhes aqui no outro blog.

1.2.03

Tombei, tombei, tornei tombá
A brincadeira já vai começá.
Ô, raia o sol suspende a lua
Olha o palhaço no meio da rua.