31.1.03


Danças do Porão, com o JOÃO SALDANHA (não é homônimo, é filho do outro famoso Saldanha também João) e a PAULA NESTOROV, foi escolhido entre os 10 melhores espetáculos de dança do ano passado, está saindo de cartaz neste final de semana. Portanto, fique esperto. Amanhã às 19 hs e no sábado e domingo às 17 hs. no Paço Imperial, Sala dos Archeiros. Entrada GRATIS. Senhas uma hora antes. Não vá ou se arrependerá para sempre...

Uma dica de exposição, aproveitando a sua ida ao Paço Imperial é A IMAGEM DO SOM DO ROCK-POP BRASILEIRO. Oitenta artistas visuais, interpretando cada um uma composição. Muito interessante e divertido. Vá lá pagar o seu mico. Eu comecei rindo do mico dos outros, e quando me toquei eu também estava pagando o meu . Como uma onda no mar do Lulu Santos, na interpretação visual de Brígida Baltar, Gita de Abraham Palatnik e Maracatu Atômico de Rosa Magalhães são os meus preferidos. Tem alguns bem fraquinhos, mas a grande maioria pegou a música que lhe coube nesse latifundio, e mandou bem. (Latifundio, porque não? Minha homenagem ao Chico Buarque -- tô com essa música na cabeça, e ao João Cabral de Melo Neto para não dizer que eu quasi perdi o fio da trilha). Pretendo voltar porque ví no mesmo dia em que eu fui ao espetáculo do João e da Nestorov. A exposição fica no Paço Impérial, no segundo pavimento, de terça a domingo das 12 às 18 horas, até o dia 16 de março. Entrada franca.

29.1.03

"Computador, a gente sabe, não é ciência, é macumba",disse há algum tempo atrás, a nossa querida Cora Rónai lá no seu blog, o InternETC. E não é que o dito blog está fora do ar para postar desde o dia 21, mas funcionando a mil sòmente nos " comentes", e registrando quase cem entradas da gallera frequentadora assídua, inconformada com esse fato.
Pois é, e o meu blog aqui tá de gracinhas comigo. Encurtou para os lados, andou sumindo, mas eu não esquento. Enquanto ele não se endireita, eu vou postando aqui no meu outro blog. Voilà.

25.1.03

Tosca by Tebaldi

Há três dias, eu escuto direto, a qualquer hora do dia, da noite, da madrugada, o lado B do disco (made in England, no velho e bom vinil) Operatic recital by Tebaldi, repetindo ad infinitum a terceira faixa, onde ela interpreta uma área da Tosca, de Puccini, Vissi d'arte, vissi d'amore -- I have lived for my art and for love, and never harmed a living soul . Esse ritual é repetido sempre que eu ouço esse disco. Essa área me emociona, e é para mim, a melhor interpretação da maravilhosa Renata Tebaldi nesse disco, em que ela canta ainda de Puccini, " Madame Butterfly" e "Manon Lescaut". E de Verdi a " Aida" e "Il trovatore", e duas áreas de " Faust ", de Gounod.

E hoje eu descobri aqui numa pesquisa que a Tosca foi produzida por Puccini, em 1900, baseada num drama escrito por Sardou (Belo Britto quem é esse Sardou?) para a divina Sarah Bernhardt. Tá explicado. E a Tebaldi arrasa. E pensar que eu não gostava de ópera. Nenhuma. Êsse genero artístico não fazia a minha cabeça. Sergio Britto (o ator), um aficcionado e profundo "conaisseur" de ópera vai gostar de saber que eu mudei de idéia. Aliás, não mudei de todo.

Nem Tanhäuser...

Continúo não gostando nada dos espetáculos de ópera. Ópera, só para ouvir. No ano retrasado, ganhei convites para assistir Tanhauser de Richard Wagner, (amo a abertura dessa ópera, e não me canso de ouvir) no Municipal numa montagem internacional dirigida por um diretor de teatro, alemão (esquecí o nome dele, agora), e considerada uma montagem de vanguarda, minimalista, aclamadíssima internacionalmente, etc. e tal, e não gostei. O espetáculo era muito bonito, com aquelas imensas cortinas brancas voando pelo palco, contrastando com os figurinos todos vermelhos, mas sòmente os primeiros minutos e depois cansava aquela repetição, sem mudar nada dquele cenário todo branco. Minimalismos, á parte, a ópera tem partes muito monótonas, e eu dormi quasi todo o espetáculo. ( Alguns amigos vão me odiar por causa desse post). Ah, e um detalhe não me escapou: os figurantes eram péssimos, inexpressivos, entravam e saim nas horas erradas. Figuração inteligente, não é para qualquer um. Tem que ser suficientemente artista. Sobre isso vou postar depois aqui uma historinha pessoal retirada do fundo do meu baú da memória.
Consertei os templates, e olha no que deu: o blog encolheu.
Isso aqui tá complicado. Enquanto esse blog não voltar ao normal,
eu vou postando lá no Teatro ETC & Tal -- o meu blog de artes cênicas.

23.1.03

Não acredito. Acordei de madrugada pra vir aqui acertar esses templates do blog e deu tudo errado novamente. Desta vez não é só o template, desconfio que o Blogger não está publicando. Esse post é um teste. Voilà.

21.1.03

Libera a grana, prefeito.

Com esse espetáculo, foi dada a largada para o Festival ANJOS DO PICADEIRO4 que vai acontecer em dezembro. Esse festival estava programado para ser realizado em dezembro do ano passado, mas as verbas prometidas não sairam. E se não sairem aqui pelo Rio, periga acontecer em São Paulo ou Brasília. Os Anônimos já estão recebendo propostas. Se o prefeito César Maia pisar na bola, e essa verba não sair, o maior evento circense do País acontecerá mais uma vez fora do Rio.



PALHAÇOS EM ESPETÁCULO DE GALA

Não encontro palavras para dimensionar a arte desse artista maravilhoso. Não pela sua técnica ou pesquisas na contribuição ao circo moderno. Nada disso. Ele é simplesmente um palhaço, com todas aquelas performances manjadas dos palhaços do mundo todo. Mas a leveza, o brilho, a emoção que ele passa é única. Já tinha assistido o seu trabalho no Festival Anjos do Picadeiro 2 em São José do Rio Preto, e fiquei completamente fascinada. Ele leva a platéia ao delirio quando no final ele escolhe um amigo para homenagear e trocando de papel, se ajoelha para levar a maior torta em pleno rosto. Aqui no Rio, teve um numero novo, quando equilibrio pelo nariz dez cadeiras empilhadas. Simplesmente fantastico.

Os incansáveis artistas do Anônimo, o João Carlos Artigos, a Angélica Gomes, o Marcio Libar, a Regina Oliveira, a Shirley Britto e a Flávia Berton -- os donos da festa, os que fazem e acontecem dentro e fora dos palcos, estão cada vez melhores, e mais afinados na sua arte. O João Carlos dançando naqueles passinhos miudinhos na melhor performance do malandro carioca, é demais.
E os quatro intrépidos da Intrépida Trupe fazendo aqueles numeros aéreos, voando literalmente por cima da cabeça das pessoas na platéia, causaram o maior frisson e encantamento.
Os atores do Centro Teatral ETC & Tal , o Alvaro Assad, Marcio Moura e Melissa Telles-Lobo com uma performance muito original mesclando mímica, teatro, circo numa invejável performance corporal.
E os três palhaços da Companhia do Público arrasaram como sempre. Adorei ver os Valdevinos de Oliveira -- o Leo, Fabinho e a Fabiana fizeram bonito contracenando com o Tortell. Que responsa. A Fuzarca da Lyra, com a parodia das musicas antigas, também foi muito aplaudida.

A prata da casa brilhou ao lado do ilustre convidado internacional. E o público que sabe das coisas lotou (voltou público da porta) o Carlos Gomes nos dois dias de apresentações, e aplaudiu deliramente esses maravilhosos artistas. Foram duas noites de gala com muita beleza, alegria, emoção. Uma festa de celebração à arte e à vida. E muito mais coisa.

19.1.03

Tortell Poltrona, um palhaço sem fronteiras

Estou em estado de graça. Nos dois sentidos da palavra. Assistí o espetáculo de gala do Teatro de Anônimo no Teatro Carlos Gomes que tinha entre as atrações o palhaço catalão Tortell Poltrona. Não tenho palavras para dimensionar a performance desse artista maravilhoso que é considerado um dos melhores do mundo. E além disso, ele é o fundador e presidente dos Palhaços sem Fronteiras, realizando expedições em campos de refugiados e zonas depauperadas da Croacia, Bósnia, Republica Saharaui e outros países da Europa e da América Latina. A programação completa tá aqui no meu blog de artes cênicas. Quem não for irá se arrepender pra sempre...

18.1.03

Uma dica de amiga: Não deixem de assistir o palhaço Tortell Poltrona e Circ Crac da Espanha que vieram ao Rio a convite do Teatro de Anonimo para o lançamento do Festival Anjos do Picadeiro, no Teatro Carlos Gomes.
João Saldanha e Paulo Nestorov em Danças de Porão (um dos dez melhores espetáculos do ano) no Paço Imperial, e o "Doente Imaginário" com uma antologica interpretação do ator Benvindo Siqueira no Teatro do SESI. Maiores detalhes no meu blog de artes cênicas, o Teatro ETC & Tal.

17.1.03

Ela parece uma palhaça

Essa ela sou eu. A frase eu ouvi durante a minha aula de expressão corporal para meninas adolescentes participantes de um projeto assistencial para menores infratores. Essa meninas nao sabem que era tudo o que eu queria e precisava ouvir. Eu estou desenvolvendo um método próprio de trabalho misturando as técnicas de expressão corporal com técnicas teatrais e de clown com resultados muito animadores.
Durante o mês de janeiro os nosso alunos entram em férias, mas a FUNLAR mantém uma colonia de férias para crianças carentes e menores infratores. A grande maioria mora na comunidade vizinha da instituição -- o Morro dos Macacos, em Vila Isabel.É um trabalho muito rico e estimulante. Um presente raro.

16.1.03

Qual é a do Padre Marcelo?

Notícia - na integra - da Folha de São Paulo em 11/01/2003.
Jorge Lafond estava em depressao e com problemas renais

O ator Jorge Lafond, 50, que morreu na madrugada deste sábado no Hospital e Maternidade Cepaco, na Vila Mariana, em São Paulo, estava em depressão desde novembro do ano passado, segundo Marcelo Padula, assessor do artista.
O ator sempre se envolveu em polêmicas em relação ao homossexualismo. Em uma delas, ameaçou dizer em um livro os nomes de personalidades, inclusive de um famoso jogador de futebol, com quem já teria mantido relações.

A mais recente foi com o padre Marcelo Rossi, no programa "Domingo Legal", de Gugu Liberato. Em novembro passado, o padre exigiu que Lafond fosse retirado do palco para que ele pudesse cantar.
Depois do episódio, Lafond foi internado ao menos duas vezes por causa da pressão arterial. Lafond começou a sofrer complicações renais e chegou até a fazer diálise neste período.
Folha Online -12h18 -11/01/2003

"Assessoria de Imprensa do Padre Marcelo não deu as caras"
Vi algumas reportagens no sábado sobre este caso. O assessor do Jorge Laffond confirmou o que aconteceu no Programa Domingo Legal, do Gugu.
A produção do Domingo Legal, que segundo o assessor, adorava o Jorge, tanto o Magrão quando o próprio Gugu, pediu com todo "jeitinho" que Laffond se
retirasse do palco para que o Padre Marcelo se apresentasse, e a hora em que Padre Marcelo saísse, Laffond poderia voltar ao palco. Laffond ficou indignado, dizendo que ele não era nenhum animal para que o homem que diz "pregar a bondade", que "todos são iguais", tivesse tal atitude.


Segundo o assessor, essa atitude teria vindo do Padre Marcelo e não da
produção do programa. Laffond passou mal no programa e teve que ser medicado. A produção insistiu muito e ele voltou ao palco. Tão grande foi o seu profissionalismo.

E na mesma noite, Laffond, que tinha uma casa de espetáculos, comentou com
seu público sobre o que havia acontecido, que indignados, vaiaram o Padre
Marcelo. No mesmo dia, fora internado com hipertensão, e de lá pra cá mais duas internações ocorreram, sendo que a última em 28 de dezembro, ficando hospitalizado até o dia de seu falecimento. O assessor, que passou o Ano Novo no hospital com Laffond, se mostrou muito chateado com o acontecimento com Padre Marcelo.

Essa entrevista foi dada ao Datena, no Programa Cidade Alerta, no sábado
passado. Datena ainda pediu que alguém da assessoria de imprensa do Padre Marcelo entrasse em contato com o programa, pois ele estava AO VIVO, mas ninguém deu as caras.

Fica registrada a atitude do Padre Marcelo, que diz pregar a bondade e
igualdade de todos os homens.
Depoimento de Eduardo Castanho para o Forum de Teatro em13/01/2003

A lei foi desrespeitada pelo Padre Marcelo e apoiada pelo SBT
Li sobre isso no jornal e também fiquei indignado.
Confesso que nunca curti o trabalho do Lafond, mas sempre o respeitei como artista e ser humano que era. Tinha o seu público e nunca recuou diante de qualquer polêmica referente à sua condição sexual.

Para quem acha que pode ser exagero, é comprovado cientificamente que uma pessoa submetida a uma condição de extrema humilhação pode entrar em depressão, sim. Pode ter inclusive a seu sistema himonológico afetado, estando mais vulnerável a diversos males de saúde. O stress emocional provocado pode ocasionar problemas renais graves. Lafond estava, segundo seu agente, em depressão desde novembro, depois do episódio com o padreco. Era hipertenso (um problema hereditário, a maior parte da família dele é) e passou a ter sérios problemas renais (precisou fazer hemodiálise, segundo o jornal Folha de São Paulo).
O que mais me deixou indignado, quanto ao episódio do padreco, é que existe uma lei contra a segregação racial, opção sexual e ideológica que foi descaradamente desrespeitada por um sacerdote e apoiada por um programa de emissora de TV dos mais assistidos em todo o país.
Esse fato deveria ser largamente divulgado e INVESTIGADO.
Não podemos permitir que os Antony Garotinhos da vida continuem a "desinfetar" as cadeiras onde as nossas Beneditas da Silva se sentam e não podemos aceitar que Sacerdotes Dançantes sejam arautos de um novo tipo de inquisição.
Emilio Gama para o Forum de Teatro em 12/01/2003

Pobre, preto e bicha era demais prum padre bailarino

Alguém sabe algo sobre essa declaração abaixo?
"o ator jorge lafond começou a passar mal depois que, mesmo vestido 'como
homem', foi convidado a se retirar do palco onde o padre marcelo iria
"rezar" missa no sbt.
pobre, preto e bicha era demais prum padre bailarino."

Recebi esta informação em outro forum que participo e fiquei abismada.
Morgana Pessôa para o Forum de Teatro em 11/01/2003

15.1.03

Aulas de segurança pessoal para o Presidente Lula

Sugiro umas aulas com alguém super esperto nesse lance, e que sabe como ninguém mais no mundo, tudo de segurança pessoal : Fidel Castro. Os seus seguranças são de uma competencia inigualável. Eu sou testemunha disso. Abusada como sou, tentei fotografar de frente el Presidente FIDEL CASTRO RUZ, no Palacio de la Revolución, durante uma recepción en honor de los participantes al XXII Congresso y Festival de Teatro de la Habana , em 1987. Quasi ao final da recepção, dirigi-me discretamente à portaria onde ficaram guardados todos os nossos pertences como bolsas, isqueiros, máquinas fotográficas, etc., e pedí os meus, como se estivesse indo embora.

Sorrateiramente, escondí a minha boa e velha Olympus-Pen debaixo do braço, colocando por cima de um ombro só, o meu xale de noite, e adentrei aquele imenso salão. Nesse exato momento, eu avistei lá no fundo, o nosso anfitrião que vinha vindo em direção à saída. E, eu dando alguns passos, resolvi parar ali mesmo, no meio do salão, pensando numa estrategia para sacar a máquina
fotografica do seu esconderijo e o melhor momento para aquele click histórico.

De repente, numa fração de segundos, como num passe de mágica, sem que eu tenha podido ver, quando e como surgiram, vejo-me ladeada por dois seguranças, que de imediato abraçaram-me pelas minhas costas, levantando-me no ar, segurando-me pelos meus cotovelos. Meninos, eu voei -- literalmente -- de um lado ao outro do salão.

A minha memoria corporal guarda o movimento propulsor dessa minha primeira e única performance aérea, (sorry intrépidos da Trupe). Saí voando pelo salão, com a ajuda dos dois intrépidos seguranças, indo aterrisar suavemente do outro lado, fora do caminho de passagem do Comandante Fidel. E essa surpreendamental performance desses rapazes foi realizada com a maior delicadeza e competencia. E de quebra, o charme e a beleza de dois legitimos representantes da gloriosa raça cubana. (Hummm... derrapei na maionese, compañeros).

Outro dia eu conto mais sobre esse histórico encontro com o Comandante, em Havana. Ele deu aulas de estrategias de segurança, nesse dia no Palacio da Revolução, e em outros encontros. Um Mestre.

14.1.03

"Vamos quebrar o protocolo, mas nem tanto"

Foram essas as palavras do Presidente Lula no dia da sua posse no Congresso,
para conter o entusiasmo de colegiais dos parlamentares, como bem observou o jornal francês Le Figaro. Agora é a nossa vez de repetir a mesma frase para o próprio. É tanta quebra de protocolo, tanta exposição desnessária, tanto cordão de isolamento que não isola nada, que é puro sofrimento acompanhar ao vivo pela tv qualquer ato público com a presença do Presidente Lula. A multidão não tem cérebro. Ela reage de uma forma irracional. E é aí que mora o perigo.

Os seguranças, coitados, mais perdidos do que cachorro em procissão, dando a impresão que ainda não estão preparados para a herculea tarefa -- a seguraça do Presidente Lula. Estão sempre marcando alguma bobeira, com alguém furando o bloqueio para aproximar-se do Presidente. Mas eles não podem ser culpados por isso, se o próprio quebra todos os protocolos, e não dá a mínima para os mais elementares cuidados de segurança pessoal.

Segurança, prá quê?

A gente entende a alegria e a generosidade do Presidente, nesta sua forma democrática de exercer o poder, mas está facilitando demais a aproximação desses alucinados admiradores. Quasi tive um infarte, quando lá em Jequitinhonha aquele gigante -- um "armário" de dois metros de altura, empurrou os seguranças e se atracou com o Lula. E até entender que era um simples fã, o susto foi grande. Aquilo não era abraço era um tranco. E se fosse um louco ou terrorista, não precisava nenhum tipo de arma, bastava um abraço mais apertado daquele brucutu ... e babaus.

Nessa caravana da fome lá no interiorzão de Pernambuco e Minas, ficou mais do que flagrante a falta de segurança. Aquelas pessoas próximas demais, pedindo autógrafos, querendo abraçar, apertar, tocar, beijar ou aparecer na tv. Teve uma mulher desvairada, toda de vermelho, que cismou de entrar no ônibus e ir junto com a comitiva presidencial, e conseguiu o seu intento, subindo agarrada no Presidente. E aquela balsa superlotada atravessando o rio com a comitiva presidencial e todo aquele povo aderente. Sem falar no equiíibrio delicado naquelas palafitas da favela visitada no dia anterior. Sem comentários.

E a grande mídia que não perde um lance desses, mostrando tudo e faturando em cima conforme as suas conveniências, deveria ser mais responsável e detonar uma campanha em prol da segurança do Presidente do Brasil. Da sua segurança, dependemos todos nós.

13.1.03

Guga é campeão do ATP de Auckland
Brasileiro ganha primeiro torneio no ano e ganha confiança para o Aberto da Austrália, que começa amanhã.
Eu adoro o Guga. Ele é a cara do nosso País. Queira ou não esse pessoal dessa mídia caretona. Esses reaças travestidos de modernos, sempre estão em todos os lances para fazer suas piadinhas com as atitudes simples e até mesmo simplorias do menino Guga. Já postei sobre isso aqui por ocasião da Copa, quando ele foi aos vestiários, dando uma de tiete dos nossos jogadores. Foi um banquete para esse tipo de mídia conservadora, retrogada e babaca.

Aqui no Marinildadas, blog da minha querida amiga Marinilda a mais completa cobertura bloguística sobre o Guga. Essa danadinha manda bem, em todas. Não sabia que ela entendia, e tanto, desse esporte. Ficamos sabendo que ela foi praticante desse esporte, e torce pela sua popularização.

O tênis pode e deve ser esporte para todos . Assim falou Marinilda.
Pagode com churrasco queimado

Estou aqui blogando na santa paz, quando a minha tranquilidade é perturbada ao ouvir daqui do nono andar, uma bateção de bumbo, pandeiro, chocalho (só
percussão) misturado com vozes masculinas e femininas prá lá de desafinadas. Pelo que foi possível identificar seria um pagode ou coisa que o valha que estava rolando á beira da piscina aqui do prédio. Músicos e cantores que é bom, nem cheiro.

O cheiro, esse sim, bem real, que adentrou pelo meu apartamento foi o de churrasco queimado, e tão forte que perdurou horas. Saí de casa e voltei á noite, e o cheiro ainda continuava, parecendo que o churrasco tinha virado brasa. Que não soubessem cantar e nem tocar -- apesar do repertorio -- ainda podem ser perdoados, mas deixar queimar a carne do churrasco, é incompetencia demais para ser perdoada. Os meus gloriosos antepassados gauchescos clamam vingança.

Eu mereço. Quem mandou escolher morar num prédio com piscina, sauna, churrasqueira, quadra de esportes, e todas essas baboseiras consumistas pequeno-burguêsas. Bem que os meus amigos lá do Leme tentaram me demover da idéia de comprar esse apartamento aqui na Vila Isabel, mas eu sou do tipo experimental. Só aprendo experimentando e vivenciando.

10.1.03


Índio idoso covardemente assassinado por três rapazes
Desta vez lá em Miraguaí no interior do Rio Grande do Sul, aconteceu o barbaro assassinato do índio caingangue Leopoldo Crespo, de 77 anos, por três rapazes. Os três assassinos utilizaram a mesma desculpa dos quatro bandidos de Brasilia, em 1997, no caso do índio pataxó Galdino, isso é, a de que não queriam matar, só queriam brincar.

Leopoldo era a memória viva dos antepassados da sua tribo e repassava aos mais jovens as tradições culturais e religiosas do seu povo. Tão grave quanto o assassinato foi a morte da memória de um povo.

O Ministro da Justiça já se pronunciou e eu espero que ele não fique só na perplexidade, mas acompanhe atentamente o desenrolar dos fatos e cobre dos responsáveis a solução do caso e a punição severa para os culpados desse duplo assassinato.



Ministro da Justiça se diz perplexo com assassinato de índio no RS


BRASÍLIA - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, declarou-se hoje perplexo com a morte do índio caingangue Leopoldo Crespo, ocorrida, terça-feira, na cidade gaúcha de Miraguaí. Eis a nota divulgada pelo ministro:

"Estou profundamente chocado e perplexo com a notícia que li hoje nos jornais. É lamentável que um episódio como este ocorra no país, em que jovens, e até mesmo um menor de idade, se tenham envolvido em um crime de tal gravidade, que resultou na morte de um índio, uma pessoa idosa, de 77 anos, aparentemente, assassinada a chutes e pedradas.

Espero que este caso seja apurado pela polícia e os responsáveis, punidos pela Justiça, respeitados os princípios indeclináveis de presunção de inocência e do direito de defesa. O país não pode aceitar a impunidade nem a falta de segurança e respeito aos direitos humanos e às minorias.

Transmito a minha solidariedade à família de Leopoldo Crespo e ao povo caingangue, especialmente da reserva Guarita. Tenho certeza que a Justiça vai prevalecer, com o julgamento deste caso, e peço serenidade ao povo caingangue".

Jornal do Brasil

09/01/2003



9.1.03

Ônibus 174

Fui ontem ao CCBB assistir o filme e a palestra do diretor José Padilha. Fiquei quasi duas horas na fila de desistência, e entrei quando o filme já tinha começado. São duas horas e quinze minutos de projeção. O filme é baseado em imagens de arquivo, entrevistas e documentos oficiais, narrando o sequestro do ônibus 174, e paralelamente a vida do sequestrador -- Sandro, um dos sobreviventes da chacina da Candelária. Intercalando essas imagens, o documentário investiga as razões que levaram um menino de rua a virar bandido. Aquelas imagens ali ao vivo, na real, sem cortes, sem edição e sem o menor retoque são estarrecer qualquer um. Janaína (uma das sequestradas) conta que ele pedia o tempo todo para ela e outros sequestrados exagerarem nos gritos e na confusão dentro do ônibus. Portanto havia uma cena real de cumplicidade entre sequestrador e sequestrados dentro do ônibus, e outra cena teatral representada para os espectadores -- os policiais, a mídia e o público.

Durante quatro horas, Sandro criou com rara competencia um espetáculo provido de todos os ingredientes para prender a atenção dos espectadores. Além de diretor, ele era o autor do texto e o ator principal. Em nenhum momento o espetáculo perdeu o ritmo, e manteve o suspense até o seu final, apresentando desde cenas engraçadas como por exemplo aquela em que ele põe a cabeça para fora do ônibus e chama o "seu delegado" com um texto e uma voz de galhofa, a cenas altamente dramáticas. Naquelas circunstâncias da vida real, o espetáculo criado pelo Sandro, superou de longe, os melhores espetáculos de ficção.

Lamento, e muito, que esse infeliz menino de apenas vinte e dois anos, não tenha tido durante toda a sua vida, uma única oportunidade de exercitar o seu talento, inteligência e criatividade para construir uma vida digna para si. Ao invés disso, tenha precisado assaltar e roubar para comer. (O Presidente Lula precisa ver esse filme).

Uma cena que me marcou profundamente foi ver a fúria irracional daquela multidão de espectadores -- no melhor estilo estouro da boiada -- correndo alucinada para linchar o Sandro, no momento em que ele é levado para o carro da PM. A muito custo os policiais conseguem conter aquela turba feroz. Era como se toda a violência demonstrada pelo sequestrador, tivesse sido incorporada por aquela multidão. A violência agora era de todos, e não de um em particular. Assustador.

Um pouquinho do que rolou no debate

O filme que levou dois anos de filmagens foi realizado graças à coragem e a ousadia dos dois produtores: o próprio diretor e o Marcos Prado. José Padilha conta que já tinham gasto quasi todo o dinheiro da produção, o filme estava quasi pronto e ainda não tinham chegado a um acôrdo com a TV Globo para a compra das imagens. Isso só foi acontecer dois mêses antes do final da produção. Depois disso foi mais fácil negociar as imagens com a TV Record.

Os policiais mascarados, aparecem assim porque eram proibidos de dar entrevistas sob pena de expulsão. Estavam com medo da Rosinha que já despontava como candidata a governadora. E o bandido (assumidamente mau total) que aparece mascarado foi colega do Sandro no Instituto Padre Severino e conviveu também com ele na favela Nova Holanda. A operação montada para a sua entrevista, teve lances cinematográficos e de alto risco. O Alexandre assistente de direção, conheceu um porta-voz do bandidão lá na praia do Vidigal, apresentado por uns surfistas da Rocinha. O tal só apareceu no dia da gravação, surgindo misteriosamente debaixo de um viaduto, e de lá foram direto para o estudio na Barra, onde gravaram durante cinco horas. No final da gravação, ele pegou um taxi e nunca mais o viram. O grande problema era que não podiam ser parados por nenhuma blitz, senão o Alexandre correria risco de vida. Antes de aceitar dar o depoimento ele pegou o endereço da casa do Alexandre, e só depois de checado o endereço e outros quesitos ele deu a resposta positiva. Um detalhe curioso: o Alexandre só foi saber no debate, ontem, que o carro onde ele, o diretor e o produtor conduziam o bandidão para a filmagem, era seguido por um policial -- um dos entrevistados no filme -- com a missão de interferir e negociar a liberação com os colegas se acaso fossem parados por alguma blitz. Imagina se o bandido desconfia que tem policial na parada, matava todo o mundo.

E o que sempre me intrigou nessa historia toda foi que nunca ficou esclarecido como começou o sequestro. Estava com essa pergunta engatilhada, e não deu nem para mandar para a mesa de debates porque alguém se adiantou. E como eu imaginava ninguém tem explicação, nem o diretor do filme conseguiu essa informação. Há várias versões, mas nenhuma confirmada. Uns dizem que foi um motorista de taxi que avisou a policia. Mas nem os próprios policiais envolvidos e que aparecem sendo entrevistados souberam dizer como e de onde veio a informação para eles. Entre essas versões, há uma que diz ter sido uma armação politica para desestabilizar o governador Garotinho da Rosinha. Mistérios do poder.

7.1.03


Bendita bagunça


Além da esperança vencer o medo, a emoção venceu a prudência e a bagunça venceu o protocolo na posse do Lula. Bendita bagunça. Foi inaugurado o que promete ser o mais informal dos governos da República, mas o descaso com o protocolo promete outras coisas além de cenas simpáticas e seguranças aflitos.

O protocolo oficial existe não apenas para garantir a tal “liturgia do cargo” mas para que todos saibam onde ficar e o que fazer e as cerimônias não virem vale-tudo, mas “protocolo” também pode ser sinônimo de convenções arcaicas e costumes inexplicavelmente imexíveis.

A primeira “quebra” do protocolo foi a própria eleição do Lula, uma possibilidade que a nossa etiqueta política não permitia, ou sequer concebia. Assim como não ficava bem alguém como o Lula tomando um vinho caro, não ficava bem alguém como o Lula, que nem doutor é, na Presidência. Antes de vencer o medo, a esperança teve que vencer dezessete preconceitos. Estabelecidos os precedentes, na eleição e na posse, está aberto o caminho para outras quebras de protocolo. Para a bagunça que interessa.

Faz parte do nosso protocolo não escrito que os discursos inaugurais exagerem na retórica das boas intenções. Não canso de contar que uma vez vi o Millôr Fernandes esperar que diminuíssem os aplausos entusiasmados que se seguiram à sua leitura de uma magnífica defesa da democracia e dos direitos humanos para informar que acabara de ler o discurso de posse, na Presidência, do general Médici. Mesmo nos discursos inaugurais em que faltava sinceridade, sobrava estilo e brilho, e não há caso de um que não tenha dito — da forma esperada, protocolar — que combateria a miséria e promoveria a justiça social.

O discurso de Lula bagunçou esta tradição. Disse simplesmente, sem literatura, que não pode haver fome no Brasil. Que não está certo, que não dá, que tem que acabar. A fome é o chão, o básico que nenhuma retórica desconversa e nenhum brilho ofusca. Falar em terminar com a fome assim sem estilo, num discurso inaugural, é pieguice, é ingenuidade, é simplificação grosseira — enfim, não fica bem. Uma das tantas perversões que a elite brasileira institucionalizou para se proteger é esse controle das regras, do que pode e não pode, do que fica ou não fica bem. Se for fiel à sua própria anti-retórica, Lula terá quebrado um dos protocolos mais antigos do Estado brasileiro — o que regulamenta o descumprimento das promessas de campanha, desde que feito com bom gosto.

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO
O Globo -05/01/2003

5.1.03

Macaquices

" Foram as almas de velhos metalúrgicos do ABC e de Contagem que fizeram morrer o Rolls-Royce de Lula na saída do Congresso e enguiçaram o Cadillac de Aécio Neves a caminho da Assembléia Legislativa. Eles acharam um desaforo que um metalúrgico saído dos tornos de aprendizado do Senai tomasse posse num carro estrangeiro velho e meio ridículo. Depois aborreceram-se com Aécio, sucessor de JK, usando tralha semelhante".
Quem teve essa sacada foi o brilhante MÁRCIO MOREIRA ALVES, na sua coluna de hoje em "O Globo".
Encontrados os óculos do professor paulista, dentro do Rols Royce presidencial. No chão e pelos bancos tinha de santinhos a bonbons.
A cobertura mais completa da posse de Luiz Inacio Lula da Silva, está aqui no blog Marinildadas. Tem até o depoimento muito hilário de um arquiteto que foi à Brasilia para a posse e acabou nadando no laguinho. Imperdível.

4.1.03

Nelson Rodrigues , outro pernambucano (de Recife) assim falou sobre o conterrâneo: Daqui a duzentos anos Gilberto Freyre estará cada vez mais vivo, e sua figura terá a tensão, a densidade, a atualidade da presença física".
Cadê os óculos do professor?

Um jovem e tímido professor morador de Jabuqui, cidadezinha do interior de São Paulo, foi o autor da arriscada tietagem quando num pulo alcançou o carro em movimento e conseguiu abraçar o Presidente. Ainda surprêso com a própria performance e a repercussão dela, disse ao reporter da TV Globo que o entrevistou: ele passando ali na minha frente, nem pensei, agí no calor da emoção, se eu fosse pensar não faria aquilo. Na confusão até perdeu os óculos que segundo ele cairam dentro do carro, e faz um tímido apêlo ao Presidente se não for abusar demais pede a devolução para conseguir dar aula na segunda-feira, já que está usando uns óculos emprestados com os quais nem está podendo enxergar direito.
O profético poema do sociologo, escritor, antropologo, poeta Gilberto Freyre (1900/1987) autor de "Casa Grande & Senzala" que se tornou um classico sobre a historia da formaçao da sociedade brasileira. O poema foi escrito nos anos vinte, quando o autor tinha 26 anos. 1926 (Brasiliana: Litoral e Sertao)

O outro Brasil que vem aí


Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores das produções e dos trabalhos.
Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças
terão as cores das profissões e regiões.
As mulheres do Brasil em vez das cores boreais
terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil,
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco.
Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil
lenhador
lavrador
pescador
vaqueiro
marinheiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil
coragem de morrer pelo Brasil
ânimo de viver pelo Brasil
mãos para agir pelo Brasil
mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis
mãos de engenheiro que lidem com ingresias e tratores europeus e
norte-americanos a serviço do Brasil
mãos sem anéis (que os anéis não deixam o homem criar nem trabalhar).
mãos livres
mãos criadoras
mãos fraternais de todas as cores
mãos desiguais que trabalham por um Brasil sem Azeredos,
sem Irineus
sem Maurícios de Lacerda.
Sem mãos de jogadores
nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,
de artistas
de escritores
de operários
de lavradores
de pastores
de mães criando filhos
de pais ensinando meninos
de padres benzendo afilhados
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de doutores curando
de cozinheiras cozinhando
de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas comadres dos homens.
Mãos brasileiras
brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
tropicais
sindicais
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
desse Brasil que vem aí.

GILBERTO FREYRE

2.1.03

Deus é brasileiro. São Pedro também.

<> A segurança do presidente assinou um atestado de incompetencia, quando um fã mais entusiasmado conseguiu se aproximar com o carro em movimento e dar um abraço no Lula. Imagina se fosse um louco ou terrorista. Na volta para a Granja do Torto estavam mais espertos. Ficaram dois deles em pé na trazeira do carro, e a segurança foi reforçada com os briosos soldados da PM. Fiquei curiosa para saber quem seria o autor de tamanha façanha. Foi de uma competencia inigualável. Nem James Bond teria melhor performance.

<> O espetacular tombo do cavalo com cavaleiro (da Guarda Nacional), ficando os dois estatelados no chão (o cavalo caiu e ficou de pernas para cima) bem em frente ao Rolls Royce, no início do desfile. Que alívio, quando cavalo e cavaleiro conseguiram levantar e continuaram a caminhada como se nada tivesse acontecido. Palmas para os dois, e efusivos cumprimentos ao cavaleiro pela sua ótima performance corporal. Aliás, fiquei apreensiva no início porque tinha alguns cavalos muito assustados com a multidão, e dando muito trabalho aos cavaleiros.

<> A moça que burlou a segurança, para tirar uma foto ao lado do Lula, na rampa. Essa ia se dando mal porque os soldados da PM a seguraram e só soltaram quando o Lula bem ao seu estilo desceu a rampa e foi abraçar e tirar foto com a talzinha que não se contentou com uma. Queria tirar outra foto. Isso ficou evidente nos gestos dela, e na expressão do Lula. Nesse episódio, ele correu um risco desnecessário. E se fosse uma louca ou sei lá o quê e com intenções outras.

<> E o Rolls Royce sendo empurrado pelos seguranças e fazendo aquela fumaceira toda, quando não foi capaz de subir uma ladeirinha de nada. Vexame histórico. Os fabricantes sempre alardearam que esse carro não precisa ser consertado.

<> E o Fernando Henrique pagou o maior mico ao passar a faixa presidencial, se atrapalhou-se todo e deixou cair os óculos. Lula se abaixa para apanhar e quase se atrapalha também para colocar a faixa.

<> Até São Pedro maneirou, e a chuva -- fraca -- não atrapalhou os festejos.

1.1.03

E agora, o que diria o General De Gaulle ?

A posse do Lula ganhou primeira página do sizudo e conservador jornal francês Le Monde com destaque para Gilberto Gil e Palocci, e várias páginas falando do nosso presidente e do seu ministério, além de entrevistas com populares. Dá destaque também as conquistas do Brasil no governo de FHC. Destaca entre as presenças estrangeiras na posse, Fidel e Hugo Chavez, e entrevista o representante americano que se desmancha em elogios ao novo govêrno. Num momento de descontração fala de Lula comparando a une star de show-biz e de um Brasil ao novo estilo "Republica da Silva", citando o jornal brasileiro " O Globo " que cunhou esta expressão.

Já o Le Figaro , mais popular e de oposição, dá menos espaço com uma matéria simpática às mudanças propostas pelo nosso presidente, cita trechos do seu discurso, principalmente no combate ao protecionismo dos povos desenvolvidos. Comenta o entusiasmo de colegial dos parlamentares saudando Lula no Congresso, (leia-se principalmente, entre estes, o nobre Senador Eduardo Suplicy quando puxou vivas ao Lula!). Destaca também a presença de Fidel e Hugo Chavez e comenta en passant Gilberto Gil, os 150 índios de Pernambuco e o vexame do Rolls Royce.