30.5.03

O rapaz da rosa
Uma linda rosa, de cor rosa pálida, está embelezando a minha casa, e colorindo a minha vida. Presente de um moço desconhecido. Ontem á tardinha na Avenida Presidente Vargas, um grupo de animados jovens estava parado na portaria de um prédio. Um deles, com uma linda rosa na mão despertou a minha atenção. Quando vou passando bem perto deles, não pude deixar de olhar para o jovem e para a rosa na sua mão. Nossos olhares se encontram, ele dá uns passos, pára na minha frente, faz o gesto de oferecer a rosa, e, tìmidamente manda aquele conhecido texto:
-- Uma flor para outra flor.
Eu, atônita, não sabia se aceitava, se agradecia ou fazia o quê. Sou tímida e retardada. Fiquei parada à sua frente, completamente abobalhada. Refeita do espanto, relutei para aceitar o presente tão inusitado porque pensei logo que podia ser uma rosa com algum pózinho daqueles para espirrar, ou sei lá o quê. Os colegas do rapaz, em silêncio, assistiam atentos à cena. E, ele ao ver a minha reação me olhou com um olhar tão triste e decepcionado que ao vê-lo assim fiquei comovida, peguei a rosa, agradecí enfática com o meu melhor sorriso. E antes de qualquer outro gesto da minha parte, ele se afastou sem dizer mais nada, indo juntar-se aos outros. E nesse momento, todos eles saem andando em direção contrária à minha. Estupefactada, saí andando, continuando o meu caminho, sem nem olhar prá trás. Tudo muito rápido, emocionante e marcante.

27.5.03

Et Eu Tu

Sabado às cinco horas já estavam esgotados os ingressos para os dois dias do show do ex-Titãs, Arnaldo Antunes e grupo, para o lançamento do seu livro de poemas "Et Eu Tu", no CCBB. Eu estava curiosa para ver a tal da performance porque eu quero entender o porquê dessa badalação toda em torno do Arrepiadinho Antunes. Eu não acho que o cara esteja com essa bola toda. Assistí em São Paulo o primeiro show-solo dele depois da separação do grupo, e detestei. Eu e meus amigos paulistas saimos desse show completamente irados -- no antigo e verdadeiro sentido dessa palavra.
Fiquei no foyer do CCBB onde o AAA (ele é bem bonitinho, apesar daqueles tufinhos arrepiadinhos de cabelo) estava autografando o livro, antes da performance no teatro do segundo andar. Compreensívelmente não tinha fila de autógrafos. Aos pouquinhos, ia chegando algum fã com dinheiro suficiente para comprar o livro pelo precinho antipático de cento e trinta e nove reais. Ficamos folheando o livro fingindo que íamos comprar. Deu vontade de comprar só pelas fotos e o projeto grafico -- belíssimos. Tinha um poema lá que falava no movimento dos pés e me amarrei nas fotos que ilustravam esse poema, interessantíssimas, com pés em movimento, como se fosse uma continuação do poema. Um pouco sobre o óbvio, mas muito belo.
Antonio Cícero, esse sim, um poetaço, desfilava faceiro pelo foyer empunhando o livro. E sem o livro nas mãos caminhava apressado, o irrequieto produtor musical Ezequiel Neves.

Caetaneando o próprio
Estou folheando "Et Eu Tu", e de repente, olho para o lado e vejo de costas, um rapaz magrinho de cabelos grisalhos (eu disse rapaz -- nem de perto parecia um senhor cincoentão), elegante e sòbriamente vestido com calça cinza de listras fininhas, camisa de mangas compridas cinza clara e uma sueter de lã preta jogada nos ombros, sendo assediado por umas cinco ou seis mocinhas e uma outra fotografando freneticamente a cena. Era ele, o belo Caetano. Dava para sentir pela sua expressão corporal que ele estava louco para sair daquela, quando a fotógrafa correu e deu a maquina para uma das intrépidas, a tempo de ser fotograda junto dele. Livre das moças, caminha apressado e vai para um cantinho daqueles ali do foyer onde outras pessoas o aguardavam. Logo depois, foi embora e não me deu a chance de ir caetanear o próprio -- de perto.

Caetaneando o que há de bom na música para crianças: Paulo Tatit e Sandra Peres
Meninos, eu vi sabado às 15 hs. no CCBB o show de lançamento da coleção Siricutico, "Pindorama e O Rato" que conta e canta histórias infantís com a apresentação das músicas ao vivo pelos autores desse projeto: Paulo Tatit e Sandra Peres. Aproveitei comprei três discos que faltavam para a minha coleção.
Quem vai gostar desse lance é o meu querido vizinho blogueiro, o Ale Boechat. Viu, Ale ganhei autógrafo e tudo.

Caetaneando os provectos do Teatro de Anônimo
Depois dos agitos musicais, fui para a Rua do Mercado, ali atrás do CCBB, pra ver os meus colegas circenses, os Valdevinos de Oliveira numa apresentação para crianças. E á noite no mesmo local a peça circense Tomara que não chova. Não choveu e depois do espetáculo rolou um grande baile. Bom demais. A festa acabou ontem (domingo). O circo móvel de propriedade do provecto grupo cômico Teatro de Anônimo, in comemoração aos 15 anos de persistência desses intrépidos jovens, fica guardado para a próxima apresentação. Sabe-se lá quando. Quem não foi se arrependerá pra sempre.

26.5.03


Chegando da náite, agora.
Blogando rapidinho para dar um alô àqueles amigos que passaram aqui e estranharam a falta de posts nessa semana. O Araken ( my computer) anda esquisito, o blogspot não funcionou durante dois dias na semana e eu estou atolada de coisas prá resolver na minha vida pessoal e fico sem tempo pra blogar. No mas tá tudo muito bem, a minha vida vai muito bem, obrigada, e a náite do Rio tá magnífica!

18.5.03

Felicidade é...
poder biritar despreocupada pelo fato de não ter que dirigir depois dos agitos na náite. Vale até provar (eu disse provar) uma cachaça purinha, conhecida pelo nome de Magnifica!


Para o bem de todos e felicidade geral da gALLera, foi prorrogada a temporada do Mercado do Riso por mais um final de semana! Um circo móvel (oop's! eu quis dizer removível (epa!) quero dizer montado e desmontado nos dias de espetáculo, na Rua do Mercado -- atrás do CCBB. Tudo de graça! É só alegria!
Detalhes aqui no Teatro ETC & Tal. Imperdível.

17.5.03

Haja paciência ...

< 1 > CLIENTE -- Tenho um grande problema. Um amigo meu colocou um screensaver no meu computador, mas a cada vez que mexo o mouse, ele desaparece!

< 2 > HELPDESK -- Em que posso ajudar?
CLIENTE -- Estou escrevendo o meu primeiro e-mail.
HELPDESK -- OK, qual é o problema?
CLIENTE -- Já fiz a letra "a", como é que se faz o círculozinho à volta dela?

< 3 > CLIENTE -- A Internet também abre aos domingos?

< 4 > HELPDESK -- Bom dia. Posso ajudar em alguma coisa ?
CLIENTE -- Eeh... Olá. Não consigo imprimir.
HELPDESK -- Pode clicar no 'start' e...?
CLIENTE -- Ouça lá. Não responda demasiado tecnicamente. Não sou o Bill Gates!

P.S. O ator e diretor teatral Airam Pinheiro que descobriu essas piadas de internautas.

15.5.03

Aqui no blog de artes cênicas um interessante depoimento de um ator, autor e professor de interpretação que foi fazer um curso de teatro em Moscou.

14.5.03

Ainda em Ipanema...

< 5 > O que me levou a sair da Vila Isabel num chuvoso e nublado sabado pela manhã e ir parar em Ipanema? Adivinha o quê ! Comprar uma sandalia de plataforma. Sou louca por sapatos. Uma atriz do meu grupo de estudos apareceu com uma sandalia lindona comprada numa loja em Ipanema. E é claro que eu corrí atrás.

< 6 > Chegada à loja o primeiro espanto: era uma loja teen. Estranhezas da parte dos balconistas com aquela cliente inesperada. Roupas nem pensar -- blusinhas, sainhas super curtinhas, nada a ver comigo, mas os sapatos, sandalias e tenis dava para encarar todos. Podia usar qualquer um, sem êrro. Experimentei tudo o que eu tinha direito, e ia comprar só uma sandalia de plataforma e acabei comprando também um sapato vermelho cereja, lindo, de salto com plataforma de madeira canela altíssimo e confortável , mas apertava no peito do pé. Como não tinha outro número, nem outro modelo parecido e não havia possibilidades de chegar na loja outro igual, comprei assim mesmo. Já está no sapateiro para colocar na fôrma para alargar. Saí da loja, feliz da vida, me achando, calçando a linda sandalia preta de plataforma, lembrando aqueles sapatos da Maga Patologica. Um luxo.

< 7> Quando estou naquela faina dentro da loja, entra um menino de uns 14 ou 15 anos no máximo, franzino, com aquela aparência bem pobrezinha, rasgadinho, sadalias havaianas, bem ao gôsto teen-age. Para os menos avisados, podia fàcilmente ser confundido com aqueles menininhos pedintes lá da esquina. Uma figura óbvia o acompanhava e ficou postado na porta da loja: o seu segurança particular -- um negão armário, e com um carão daqueles de assustar. Ele cismou comigo, e não parava de me olhar. Será que me achou com cara de Vilma?

< 8 > Eu não consigo entender porque os seguranças particulares têm todos, o mesmo figurino, aquele indefectível terno azul marinho ou preto, o mesmo tipo físíco e a mesma expressão corporal. E os seguranças de ruas, de lojas, são outros modelitos ridículos com aquelas camisetas escritas "apoio". Aqui na minha rua tem essas figuras. Eu tenho medo deles. Sério.

< 9 > Estava na esquina esperando abrir o sinal da Pça. N. S. da Paz com a Joana Angelica, e ao meu lado, um menininho pedinte de uns sete ou oito anos. Ele, num tom de gente grande, irritado falava à sua irmã um pouco mais velha, e apontava para uma senhora que estava andando do outro lado da rua "é aquela lá, aquela de blusa branca, viu o que ela falou pra mim, viu, eu pego ela, eu marquei ela".

< 10 > Descobri do outro lado da Praça N.S. da Paz o Bistrô de Livros e Restaurante. Preciso voltar lá com calma. O restaurante tem um cardapio bem light e preços convidativos. É a metade do prêço do restaurante do Zé Hugo Celidonio, o Gourmet, quasi ao lado, e que cobra o dôbro do prêço pelos mesmos pratos.

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Eu aqui blogando feliz da vida até essas horas da madruga, como se não tivesse que estar acordada e bem desperta às sete da matina para enfrentar um dia de trabalho. Hoje é dia de aulas individuais. Isso significa atendimento dos casos mais comprometidos e complicados. Qualquer vacilo da minha parte pode ter consequencias nem sempre previsíveis. Voilà. Au revoir mes enfants.

11.5.03

Primeiro show do CAIXA 3!!!
Estou aproveitando aqui o espaço da minha tia Ruth para informar que dia 24 de maio será a estréia da minha banda nos palcos.
O show será no Colégio Pedro II do Humaitá, que fica na rua Humaitá, não sei que número, às 18:00h, e a entrada custa $ 5,00.
A banda será a primeira a se apresentar, pois vai ser no sarau do colégio. Para entrar na página da banda clique aqui.

Status de Ipanema -- um termômetro social do País?

< 1 > Ontem, pela manhã no bairro de Ipanema, na rua Visconde de Pirajá esquina com a Rua Maria Quiteria, uma mendiga balançando uma chave de carro nas mãos me pediu "quatro ou cinco reais para botar gasolina no carro".
Não dei nada, e ainda ousei pedir uma informação. E, ela informou erradamente por desconhecimento ou revanche. Quando voltei na mesma esquina ela continuava na sua faina, e com o mesmo texto.

< 2 > Algumas lojas chiquérrimas de uma galeria da Visconde de Pirajá, não têm banheiro para os clientes. O banheiro para a clientela fica na G1, no estacionamento. Estavam fechados, e ainda escapei por pouco de ser assaltada. Visualisei uma cabecinha se abaixando no meio dos carros, e corrí para o outro lado onde estavam algumas pessoas descendo dos carros. Esperávamos o elevador, e passa um segurança da área dando uma geral. O provável assaltante, a essas alturas, já teria descido as escadas próximas, e ganhado a rua.

< 3 > A quantidade de famílias inteiras de mendigos nas esquinas dessa área de Ipanema é alarmante. Pela agressividade, rebeldia, audácia e coragem expressas nesses corpos de adultos e crianças, e a minha leitura corporal dessas pessoas, me fez lembrar uma inesquecível discussão durante um papo na praia de Ipanema, no final dos anos oitenta. Durante horas -- coisa rara na praia, onde mais se joga papo fora -- entre alguns famosos cineastas e um pessoal de teatro, discutiamos justamente essa disparidade social. E as conclusões, à época, eram do tipo pode acontecer uma guerra civil, e vão invadir nossas casas aqui em Ipanema, Leblon ou qualquer outro lugar dessa city. Tóin!.

< 4 > Esse inesquecível papo e suas conclusões próximas dos dias atuais,
lembram do desespêro e da angustia que eu sentí, quando eu estava morando fóra, e os jornais de lá noticiavam a apresença do exército nas ruas do Rio. Na Europa, guerra é uma coisa seríssima, e a enfase dada a essa notícia parecia que aquele nosso papo de uma ensolarada tarde em Ipanema, tinha se concretizado. Jamais esquecerei da primeira página do Le Monde, estampando uma foto da passarela da Av. Brasil com soldados do exército fortemente armados. Sofrí um bocado, até conseguir telefonar para cá, e verificar que entre mortos e feridos todos estavam todos salvos, e o exército nas ruas, era uma medida preventiva pelas eleições para governador e presidente, em 1994.

8.5.03



Respeito é bom ...

Um ocidental estava colocando flores no túmulo de um parente quando viu um chinês colocando um prato de arroz na lápide ao lado. Virou-se para o chinês e perguntou:
-- Desculpe, mas o senhor acha mesmo que o defunto virá comer o arroz?
E o chinês respondeu:
-- Sim, quando o seu vier cheirar as flores!

7.5.03

Até quando... ?

Hoje de manhã cedo indo para a reunião do meu grupo de estudos, passando em frente à Faculdade Estacio de Sá, e vendo a movimentação policial em toda a Rua do Bispo e adjacências, me veio uma imensa e dolorida tristeza. As lagrimas e um chôro brotando silenciosamente foram testemunhas do cotidiano violento da nossa cidade.
Agora está assim super policiado porque a mídia está em cima do lance. Mas tem muita coisa do cotidiano que nem sai nos jornais ou na TV. Por exemplo, na semana passada ficamos ilhados sem poder sair do prédio. Os primeiros que sairam voltaram com a notícia que o pessoal do Morro do Turano tinha descido para um protesto, e as ruas proximas estavam interditadas. O meu grupo de estudos se reúne numa fabrica desativada ali na Rua Gonçalves Ledo, no Rio Comprido. O que fazer? Uma hora da tarde. Ficamos ainda dando um tempo, esperando acalmar para depois descermos.

O Morro dos Macacos -- outra área de alto risco, fica em frente ao meu trampo. Na entrada e na saída neguinho se benze para entrar e sair vivo de lá. Quando me contaram esse fato, não levei a sério, cheguei até a pensar que fosse piada. Passei a acreditar no dia em que eu ví uma médica se benzendo contrita quando chegava à instituição. Desde então passei a observar e já vi desde funcionarios, os mais humildes aos mais graduados. E pasma pude observar também alguns cujo perfil em nenhum aspecto combinava com tal atitude.

Por puro pavor de bala perdida, uma das professoras de educação física se recusa a dar aula no pátio da instituição, e vive implorando empréstimo de salas desocupadas. Na semana passada ela veio pedir a nossa sala emprestada, pois não sei como descobrira que eu tenho um horário vago, por enquanto, às quartas pela manhã. No refeitório, à hora do almoço, eu fiquei sabendo através de outra colega, o porquê do seu procedimento. Ela não abre o jôgo, talvez por pudor, ou sei lá o que mais. Enquanto a coordenadoria não soluciona o problema, ela por conta própria faz a sua pesquisa, e se vira como pode. Mas no patio, ela não dá aula.

Por esses e outros fatos correlatos, esse ano, três colegas pediram demissão. No início do ano, uma psicologa e musicoterapeuta com quem eu trocava idéias e vinha aprendendo muito com ela pela sua experiência e sabedoria. No mês passado outra colega -- uma pedagoga que está fazendo uma tese de mestrado voltada à educação dos portadores de deficiência, e estávamos criando informalmente na instiuição, um grupo de estudos sob a sua coordenação. Ontem, na nossa reunião de trabalho, ficamos sabendo que uma das psicologas da TO (terapia ocupacional) também se demitira por motivos de saúde, disse a coordenadora, ao apresentar a sua substituta. Em off, ficamos sabendo o real motivo.

Conversando depois com a nova colega psicoterapeuta, fiquei sabendo que ela é recém formada, e contou que quando foi à insituição para sua primeira entrevista, quando o taxi se aproximava da rua, ela pediu ao motorista para dobrar a esquina, e ele foi taxativo: Nesta rua eu não entro. E só depois das explicações do motorista ela ficou sabendo que o seu (dela) primeiro trabalho estava localizado numa área de alto risco.

4.5.03

Catarroverde -- um blog transparente

Sergio Faria manda lá no melhor estilo bufo com todas as bufonnéries, a que tem direito, brincando com as nossas ambiguidades, parodía significativamente fatos, situações do cotidiano, acontecimentos politicos -- foi o Catarroverde que detonou o famoso caso do plágio do discurso de renúncia do ACM. Faz paródia até mesmo da sua própria pessoa, revelando assim a dualidade de todo ser, ou seja a face do bufão que existe em cada um. E assim mostrando uma outra face da nossa realidade, ele vai dando o seu recado com muita manha e arte. E sem se perder na trilha, ele passa do personagem bufo ao do lord inglês com a maior desenvoltura, competência e bom humor. Um mestre.

Hoje eu sou uma admiradora incondicional do Catarroverde, mas nem sempre foi assim. E já houve um tempo em que eu ousei reclamar dos posts quando ele com a maior liberdade, carregava nas suas boufonnéries, falando de índios, anões e outros excluídos A primeira vez, depois de pensar e repensar alguns dias, pois tinha medo de levar um fora daqueles ao seu melhor estilo, mandei um cuidadoso e-mail reclamando de um post sobre índios. E para minha surprêsa, ele respondeu. E ainda para completar, educadamente. Era a deixa para um segundo e-mail, dessa vez, à cause de um post sobre anão. Depois disso, encarnei a plantonista dos excluídos, e virei freguêsa de caderninho. Depois de algum tempo, ele chegou a comentar no Catarro, um desses e-mails com essas minhas investidas.

Acabamos ficando amigos. Trocamos idéias em alguns e-mails, e ele me deu alguns toques que foram úteis posteriormente, quando em busca da minha expressão artística fui estudar as técnicas do bufão. Hoje, reavaliando as minhas atitudes, eu penso que ele teve muita elegância, paciência e educação com a anta aqui. Um perfeito gentleman.

O Ator Transparente

Eu passei a ver o Catarroverde com um outro olhar, um ôlho mais límpido, a partir do curso O ATOR TRANSPARENTE, no Nucleo de Pesquisa do Ator, da UNIRIO, realizado durante todo o ano passado. Antes disso, eu vinha de um trabalho de três anos com o Mestre Dácio Lima, O jôgo do clown no trabalho do ator, o qual foi interrompido com o seu trágico desaparecimento em janeiro do ano passado. Fiquei perdidona, ia jogar tudo fora, parei com as aulas de flauta, com tudo, até esse curso na UNIRIO.

Para chegar à transparência do ator -- a verdade do jôgo do ator, fizemos uso das técnicas do bufão e do clown. No bufão, trabalhamos as três máscaras bufas: o anão, o corcunda e o barrigudo, na busca do nosso inconsciente, o lado animal, cruel. E no estudo do clown trabalhamos a leveza da criança -- o resgate da nossa criança. E a parte teórica foi embasada por filosofos como Foucault, Adorno, entre outros, passando pelas teorias psicanalíticas de Jung, Lacan, Freud, e o teatro de Dario Fo, Jerzy Grotowski, Peter Brook, etc.

O bufão rejeitado ou condenado simboliza uma parada na nossa evolução ascendente,
diz o séríssimo filosofo Adorno. O bufão trabalha com a poética das sombras, brinca com as nossas ambiguidades -- eu sou delicada, e sou escrota. E, para quem reclamava dos pots do Catarro, me imaginem fazendo um personagem bufo -- uma anã com cotocos de braços, completamente feroz, primitiva, e das mais escatologicas, mandando ver todas. Foi um trabalho difícil em todos os níveis, a começar pelo complicado uso corporal, além de assumir o meu lado grotesco e mais o meu lado negro -- o prazer na crueldade. E, não tinha escôlha, ou assumia esse outro lado, ou desistia de tudo. Um trabalho difícil e dolorido, e a partir dele, mudei muitos dos meus valores, e esse post em homenagem ao Sergio Faria é uma prova disso.

3.5.03

1% para a cultura
ORÇAMENTO MÍNIMO E OBRIGATÓRIO POR LEI!

1% do orçamento federal, estadual, municipal para a cultura significa
mais trabalho para a classe artística.

E a festa da mobilização continúa hoje no Teatro Cacilda Becker -- das 19 hs em diante. Além de teatro, poesia, música, hoje tem uma Grande Jam comandada pelo ótimo DJ Felipe Rocha do grupo musical Miss Guanabara, e o Gustavo Ciríaco -- esse último colega colega lá da Angel e bailarino integrante do Duo Ikswalsinats. Imperdível. Tô indo agora para o Cacilda. Inté lá. Detalhes aqui.

2.5.03

I don't believe ! Olhem o presente que eu ganhei do Matusca!
Você vive de que? Mais trabalho para a classe artística. Dia do Trabalho -- Um dia de Arte

Acabando de chegar da festança lá do Teatro Cacilda Becker. Quasi quatro horas de espetáculo e o público lá, firme. Adoro ver teatro super lotado. Eu não conhecia alguns aertistas como o DJ Felipe Rocha e o seu grupo musical Miss Guanabara. Chacoalei o esqueleto animadérrima. Fiquei fã dos moços e do Eber e Wilson do Cabaré Pé Sujo. Demais. Encontrei gente que eu não via há um tempão. E adorei ver o poeta Chacal (saudades do Circo Voador, no Arpoador), comandando a festa. Hoje, sexta, tem as palhaças do grupo As Marias da Graça e um pessoal lá da escola -- Faculdade e Escola Angel Vianna, e outros maravilhosos artistas. Imperdível. Detalhes aqui no blog de artes cênicas, Teatro ETC & Tal.