28.11.04

Continuação do blog Teatro Etc & Tal
16o. Festival Internacional de Teatro Experimental do Cairo


TEATRO, SADDAN E O DOUTOR DAS FLORES

Os países participantes foram Rússia, Ucrânia, România, Holanda, Coreia
do Sul, Sérvia- Montenegro, Armênia, Bósnia-Herzegovina, França, Áustria,
Eslováquia e os árabes Líbia, Argélia, Jordânia, Líbano, Palestina,
Iraque, Sudão, Turquia, Síria, Arábia Saudita e Egito.


O júri foi formado por diretores, autores e atores/atrizes de: França,
China, Egito, Japão, Estados Unidos, Holanda, Índia, Argélia, Itália,
Canadá e Brasil.

O Festival promove um Simpósio e uma mostra paralela, além dos 24 espetáculos em competição, a Mostra Paralela contou neste ano, com 50 peças.


OS CINCO MOMENTOS DE FASCÍNIO E PRAZER

Este ano houve uma visível ausência de critério, por parte da Comissão
Selecionadora, sobre o que deveria ser considerado como "teatro
experimental". É evidente que esta é uma definição nada matemática e cada
um tem na sua cabeça o significado de "experimental", mas uma Comissão
deve ter em mente um conjunto de critérios básicos comuns. A platéia foi
surpreendida com alguns espetáculos que se valiam de uma linguagem
claramente tradicional o que não quer dizer necessariamente velha e
nem ultrapassada -- junto a outras encenações onde se reconhecia
claramente uma preocupação com a pesquisa cênica.

Dos 24 espetáculos, cinco traziam um excepcional nível de qualidade:
Holanda (dois), Líbano, Bósnia-Herzegovina e Coréia do Sul. Ao mesmo
tempo, foram selecionadas algumas encenações que eram tão primárias que
chegamos a comentar que só eram "experimentais" na medida em que, como os
grupos pareciam não saber nada de teatro, só lhes restava mesmo
experimentar o que desse e viesse.(as apresentações do Sudão,
Sérvia-Montenegro, Rússia, Armênia, Jordânia, Palestina e Arábia Saudita
foram os momentos mais desconcertantes).


Gostaria de comentar rapidamente as cinco montagens mais significativas.

1) Bambie 8 (Holanda) , de Jochem Stavenuiter e Paul van der Laan
Excepcional! Coisa rara de ser vista! Prêmio de Melhor Espetáculo
(dividido com They all are here, do Líbano) e Prêmio de Melhor Direção,
além da Indicação para Melhor Cenografia e com excelentes trabalhos de
interpretação. O espetáculo é uma surpreendente sequência de ações não
verbais, absolutamente delirante, com três atores de extremado domínio
corporal realizando com magnífica precisão e humor trajetórias do mais
completo non-sense. (Um Jacques Tati agressivo?).

O release fala que o roteiro é inspirado na explosiva relação existente entre Werner Herzog e
Klaus Kinski , "investigando a quantidade de emoções que alguém pode
suportar", mas isso , na realidade, não tem a menor importância. Eles
reproduzem (delirantemente, é claro) cenas de alguns filmes realizados
por Herzog-Klinski mas, se você nunca tiver ouvido falar desses dois , o
seu deslumbramento com a performance será o mesmo. Alguém (alô, Grassi)
deveria levar ao Brasil esta cascata de criatividade, talento
histriônico, competência técnica e extremado rigor na realização. E que
nos presenteia, ainda, com o surgimento constante do inesperado. Na
definição que fazem do espetáculo, os criadores afirmam realizar o
"physical movement theatre", com uma performance de estilo tragicômico.
Este foi o momento de glória do CIFET, deixando a platéia absolutamente
fascinada.

2) Se dice de mi (Holanda, novamente), concepção, direção, texto e
interpretação de Kris Niklison. Eis aí um espetáculo cuja melhor
definição talvez fosse essa: inteligente. São três telões e uma atriz.
Música brasileira. Os telões têm velcro e Kris Niklison (cuja roupa
também tem velcro) atira-se aos telões e fica presa neles, como uma
aranha. Ela contracena com as imagens projetadas pelo vídeo e, em um
determinado momento, a atriz é "comida" pelas bocas que surgem projetadas
nos telões. Encenação multimedia, com uso de microfone, vídeo, imagens
projetadas fixas e em movimento , música, dança, acrobacias aéreas. Kris
Niklison é uma atriz de forte comunicabilidade. Não chega a ser brilhante
mas tem inteligência e empatia, Uma "multimedia one-woman-show" ela
canta, dança, faz acrobacias, contracena com as imagens projetadas,
conversa com o público, lembrando às vezes o estilo de Dario Fo (com quem
trabalhou durante um tempo). O texto fala das relações humanas : às
vezes cínico, às vezes sofrido, às vezes ácido, quase sempre com humor.
Kris Niklison , apesar de representar a Holanda, pois vive e trabalha lá
há anos, é argentina, e já esteve no Brasil participando do Festival
Circunferência. Nos créditos projetados no final do espetáculo, uma frase
que talvez traduza bem a noção da ironia do texto: "Obrigada a todos os
amigos que me ajudaram a fazer este espetáculo; e obrigado a todos os
inimigos que me inspiraram."

3) They all are here (Líbano) , roteiro do grupo Al Muhtaraf, a partir de
Beckett. O texto mistura diálogos de algumas peças de Beckett sem
preocupação de "encenar pequenos excertos". A idéia é , com as frases
beckttianas, criar um universo de vazio e solidão, com uma linguagem
baseada nas ações e na criação de imagens significativas. Direção ágil e
criativa. "They all are here" estabeleceu uma relação profunda com a
platéia e trouxe, num festival de teatro árabe, pela primeira vez, a
presença de Saddan Hussein, através de uma foto. Sobre Saddan, que
surgiria outras vezes, e as reações do público, falarei mais abaixo.


4) The train (Coréia do Sul) , de Chungeuy Park mágico, poético,
musical. A montagem sul-coreana , também sem palavras, utiliza dança,
acrobacias, mágicas, mímica. Os atores , extremamente comunicativos,
apresentam invejável precisão de movimentos, impecável domínio técnico
e, segundo o release , trabalham as " emoções através da força poética e
da energia Ki (um conceito oriental que expressa uma espécie de energia
espiritual)". A idéia é de extrema simplicidade: dois mágicos tentam
embarcar num trem ( perderam os tickets) e se relacionam com dois irmãos
(nossos meninos de rua) e a partir daí são criados diversos jogos
cênicos. Algumas cenas desnecessariamente longas fazem com que o roteiro
nem sempre consiga manter o interesse. Entretanto, The train presenteou
o festival com alguns dos seus momentos mais mágicos e poéticos.

5) The Helver's Night (Bósnia-Herzegovina) , de Ingmar Vilkvist. Foi uma
sorte a Comissão Selecionadora ter escolhido este modelo perfeito de um
espetáculo realista que, penso, encantaria até os mais ferrenhos
anti-stanislavskianos. Não me perguntem o que esta encenação com texto,
cenários, figurinos, luz, som , interpretação e, evidentemente, direção
realistas fazia dentro de um festival de teatro experimental. Mas que bom
que foi assim. Um erro crasso da Comissão Selecionadora nos deu a
oportunidade de assistir a um texto fortíssimo, ao mesmo tempo terno e
cruel, simples e terrível. Peça para dois atores, The Helver's Night
(Helver é o nome do personagem principal) possibilita expressivas
performances .
Encenado com perfeito domínio rítmico, The Helver's Night
nos envolve a partir do primeiro momento e nos leva a acompanhar com
interesse crescente , entre o terror e o encantamento, a relação entre
mãe e filho, tendo, presente e pesando sobre nossas cabeças, os tempos
sombrios em que vivemos. É sempre bom termos em mente que esta companhia
viu, viveu e participou dos acontecimentos que estraçalharam o país na
guerra de 1992-1995. Ermin Bravo (Helver) recebeu o Prêmio de Melhor Ator
do Festival e Mirjana Karanovié foi uma das três indicadas para o Prêmio
de Melhor Atriz (votei nela mas fui voto vencido).

O TEATRO DO EGITO?
Quando vou a um festival de teatro em cidades que não são consideradas
como grandes centros de produção teatral, tenho sempre a curiosidade de
perguntar aos promotores se existe, como consequência, um desenvolvimento
qualitativo da produção local. Porque, caso contrário, o festival
significará apenas um evento turístico-teatral, muito mais turismo que teatro.

Fiz essa pergunta no Cairo e a resposta foi sim. E, pelo que pude
assistir, o teatro do Egito tem evoluído nos últimos anos (o festival tem
16 anos): as duas produções que concorreram eram muito bem dirigidas, com
estimulantes linguagens cênicas e com grande capacidade de comunicação
com a platéia. Ao mesmo tempo, na Mostra Paralela, havia 25 encenações
egípcias, num total de 50. Como o CIFET se caracteriza por ser um
festival que privilegia as pesquisas de linguagem isso talvez esteja
permitindo ao teatro egípcio assimilar conteúdos do teatro ocidental e
conciliá-los com tendências de investigação cênica que se realizam
atualmente não só no Ocidente mas, também, na África e na Ásia.


Palmas para a foto de Saddan no espetáculo do Libano

Quando surgiu a foto de Saddan no espetáculo do Líbano (They all are
here) o público bateu palmas vibrantes. Ao final , em conversa com meu
tradutor árabe, ele me perguntou: ?E Saddan Hussein? O senhor o considera
um herói ou um bandido?

O Iraque esteve presente com a peça Sorry Sir, I didnt mean it ,
de Mohtaref Seham Nasser, que discute a presença americana e suas
influências na mudança do estilo de vida no Iraque, O personagem negativo
da peça é o jovem antagonista que carrega os conceitos de vida ocidental
(através de clichês como calça jeans, blusão de couro, cabelo moderninho
com gel, música pop, ginga de rock) . Ele tenta convencer os seus colegas
de geração que o melhor é o modo de vida, as roupas e a música
ocidentais, principalmente os oriundos dos Estados Unidos. E quando
Saddan Hussein foi citado (direta ou indiretamente) a platéia se
manifestou calorosamente ao lado do iraquiano.

Após o espetáculo perguntei a um árabe qual era a imagem de Saddan
Hussein no Egito . Resposta : Agora a atitude correta é bater palmas
para o Saddan para deixar claro que nós, os árabes, estamos unidos e
somos todos contra os americanos.


O Egito , com Emergency Landing, de Khaled Galal, mostrou a já
clássica imagem de Saddan Hussein com a boca aberta, sendo examinado com
a lanterninha . A imediata e espontânea reação da platéia, ao mesmo tempo
aplaudindo (Saddan) e vaiando ( Estados Unidos) refletiu com absoluta
clareza o ódio do povo árabe aos norte-americanos.

Politizando o resultado do festival
Um dado interessante: nas reuniões do júri, uma parte dos meus colegas
supervalorizava visivelmente o espetáculo do Iraque , achando que "Sorry
Sir, I didn't mean it" merecia estar indicado em todas as categorias (e
vencer) . Tentavam argumentos teatrais que se mostraram inconsistentes,
mas ficou claro que buscavam politizar o resultado do festival para
deixar patente o repúdio à agressão norte-americana. O anti-americanismo
fora de lugar destes incansáveis combatentes acabou obtendo para o
Iraque o Prêmio de Melhor Conjunto. Foi um prêmio bem dado mas, se o
Iraque não tivesse sido invadido, talvez a estátua de Thot, a Deusa da
Sabedoria, tivesse ido parar nas mãos de um dos dois espetáculos
egípcios, mais merecedores, e que se caracterizaram por uma garra
coletiva e uma indiscutível alegria por estar em cena.

Bush transformou Saddan no herói da união árabe
Herói ou bandido? Não me parecia uma pergunta que ele (Levi refere-se à pergunta do seu tradutor árabe) me dirigia procurando saber minha resposta. A questão colocada parecia refletir uma certa encruzilhada em que se encontra hoje o sentimento árabe. Todos
sabem que Saddan era um ditador e um criminoso, e os egípcios estão bem
informados a respeito do que é uma ditadura, já que Mubarak está no poder
há 24 anos. Por isso, bandido. Mas todos sabem também que a imagem
humilhada de Saddan sendo examinado pelo médico americano, hoje se
transforma num símbolo da união árabe contra o inimigo maior, os Estados
Unidos. Por isso, vítima. Por isso, herói.

A política equivocada de Bush , que nunca previu que seria fácil
derrubar Saddan mas quase impossível permanecer no Iraque, conseguiu
transformar o ditador iraquiano no herói da união árabe.

Percebe-se, com nitidez, que o ódio aos americanos é infinitamente mais
forte que a admiração por Saddan, mas Saddan, preso e humilhado, virou
a possibilidade de unir emocionalmente todos os árabes contra Bush e sua
política. Num festival internacional, com artistas vindos dos mais
diferentes países, era visível que os americanos estão cada vez mais
detestados e que esse ódio se espalha cada vez mais rapidamente pelo
mundo. (Ironicamente, o Presidente da Comissão Julgadora era um encenador
americano. Entretanto, ele sempre foi muito bem tratado, como todos nós,
aliás).

UM POUCO DE CAIRO

O Cairo não tem sinais de trânsito! São vinte milhões de habitantes num
país sem indústria automobilística e sem dinheiro para importar
automóveis. Os carros são velhíssimos, todos com pequenos e médios
amassados e ninguém se preocupa em fazer lanternagem. Dirigem na
contra-mão na frente dos guardas, fazem contornos absolutamente proibidos
por qualquer engenharia de trânsito, os cruzamentos são algo inconcebível
e, no meio do caos, vislumbra-se o tranquilo trote dos cavalos, puxando
inacreditáveis charretes. Como não há sinais (há, mas pouquíssimos, e
nem sempre os motoristas os respeitam) para que não batam uns nos outros
e para que não atropelem as pessoas que atravessam as ruas pelo meio dos
automóveis, é o local do mundo onde mais se buzina.

Buzina para que te quero
Todos buzinam. Para tudo : para não bater noutro carro, para não atropelar a moça toda de negro e que só mostra os olhos no meio do véu, buzinam para
cumprimentar um amigo num outro carro e que, por ser bem educado, devolve
o cumprimento buzinando de volta. É o trânsito mais caótico e mais
barulhento do planeta (imaginem: vinte milhões de habitantes!). No centro
da cidade, a hora do rush vai das sete da manhã às três da madrugada. E
tome de buzina! Da minha janela do hotel eu ficava olhando o tráfego,
fascinado. Fosse pela manhã ou durante a madrugada o movimento (e as
buzinadas) eram absolutamente iguais!

De todas as cidades que conheci é a mais suja. Imunda. É considerada como
uma das cidades de maior poluição do mundo. No Mercado Árabe a comida é
feita ao ar livre e ao lado do container de lixo. A higiene não é o forte.

"No, no money" -- o jôgo de sedução dos comerciantes do Cairo
E os árabes, que vendem tudo a todo mundo? As táticas estão ficando cada
vez mais sofisticadas. Eles sempre te abordam quando você passa pela calçada isso é o normal.
Mas o mais interessante é encontrar"casualmente" com você, bem no meio da rua, tentando atravessar para o outro lado . Eles dizem: " cuidado que o trânsito aqui é muito perigoso",
e vão te ajudando, fazendo sinal para os carros pararem para que possamos
atravessar e entabulam um papo "whérduiúcamifrom" e você diz que é do
Brasil, "Oh, Brasília! (não sei porque chamam Brasil de Brasília!),
Ronaldinho, I love Brasília", e ao perceber que você já está achando que
vem jogo de sedução vão logo dizendo "No No money, no money" ( o que
significa ? não quero tirar dinheiro de você) e não te largam mais até
você entrar no loja deles ou dar um basta.

No início é interessante fazer o jogo dos comerciantes-que-fazem-ponto-na-rua para ver como é. Depois, cansa, e a melhor estratégia é você já nem dar mais resposta
quando recebe o assédio. E a ajuda para passar ao outro lado da rua é
desnecessária para quem já atravessou a Presidente Vargas fora do sinal!

Entretanto, não há perigo nas ruas (fora morrer atropelado) , não há
assaltos, anda-se de noite pelo centro com tranquilidade. E as lojas
estão abertas até meia-noite, pelo menos.

Todos prometem descontos , "Mas só hoje, porque amanhã vou fechar a loja
por três dias porque minha irmã vai se casar!", mentem descaradamente e
quando você diz que está com pressa, mas volta amanhã, dizem que a loja
fica aberta o dia todo, esquecendo-se de que a irmã vai (ia)se casar. E o
folclore do mercado árabe permanece até hoje: quando vêem que você está
interessado num produto mas está achando caro, acabam baixando o preço em
até 80 por cento!!!

Doutor das Flores
Quando estávamos passando em frente ao Museu do Cairo apareceu um senhor
bem vestido, também nos ajudando a atravessar a rua e que se apresentou
como "Doutor das Flores" , "no money, no money", e disse que cuidava dos
jardins do Museu . Perguntou de onde éramos e "Ó, Brasília! Futebol,
Ronaldinho!! Mas eu adorava o Zizinho!" (Zizinho?! Onde este homem ouviu
falar de Zizinho?!). O Doutor das Flores despediu-se, deu dois passos e
"Ah, posso dar uma sugestão?" Ao entrar no Museu, sigam direto para o
segundo andar onde estão os fantásticos tesouros encontrados no túmulo
do Tutankamon. Pode ser que vocês não tenham tempo de ver tudo e é melhor
garantir logo o filé-mignon do Museu. Outro até logo, mais dois passos
e "Ah, e eu tenho uma lojinha que vende ...."

O melhor teatro egípcio é o que se faz nas ruas do Cairo...

27.11.04


A blogueira e escritora Claudia Letti ao vivo e a cores na noite de
autógrafos do seu livro Onde não se responde, primeira publicação da Coleção Literatura Brasileira e Internet. Linda e elegante com um vestido
justo de cetim azul perolado, realçando o corpo malhado (acho que
ela malha) e sandalias de salto alto da mesma cor.


Fotografando na fila de autógrafos -- péssima fotografa. Sorry.


Foto para o meu album: Ernesto, Flavia -- a mãe do Ernesto, e a
menina mais linda da festa, a Marina.

23.11.04



Dia 25/11, 5ª feira, a partir das 19h,
espero você no LANÇAMENTO
Lopes Quintas, 180 - Jd. Botânico - RJ
Parangolé de uma blogueira enbrolada com a virtual e a real

Os meus amigos e leitores desse blog desculpem as pausas e interrupções dos posts aqui. Prometo que a partir de agora terá pelo menos uma postagem semanal. Certo?
E aproveito para comunicar que agora estou um pouco menos acelerada porque um dos meus projetos profissionais para este ano, o Parangolé da Vila, estreiou esta semana na mostra de dança Dialogando com a diferença, no Teatro Cacilda Becker -- uma promoção da Faculdade Escola Angel Vianna.

Up date: esse post foi copiado do Teatro ETC & Tal mas tá valendo agora também para este blog . Estou voltando a postar aqui no Artimanhas. Ah, e a primeira apresentação do Nosso Parangolé da Vila foi em agosto do ano passado e os posts a seguir também são desse mês.
Alguns posts do outro blog vou postar aqui também porque por estranho que possa parecer, quem vem aqui, difícilmente vai ao outro blog. Nunca entendí o porquê disso.


PARANGOLÉ DA VILA

é o título de uma performance de dança com os meninos e meninas do PETI (Comunidade do Morro dos Macacos, meus alunos de expressão corporal na FUNLAR de Vila Isabel , com a concepção, direção, e coreografia desta escriba. Este trabalho faz parte do projeto anual das minhas aulas -- um work-in-progress baseado nos famosos "parangolés" criados pelo artista plástico Helio Oiticica.

É uma homenagem ao Helio pela comemoração dos quarenta anos de criação dos "parangolés", em julho de 1964. E não por acaso, o nosso planejamento de trabalho no ano em curso, dentro do Projeto Angel Vianna na FUNLAR, teve como referência os objetos relacionais criados pela artista plástica Lygia Clark.

O que é o Parangolé

agitação súbita ou alegria inesperada, era o significado de parangolé na gíria dos morros cariocas nos anos 60. Era tanto o burburinho de uma roda de samba quanto o susto de uma batida policial.

Mas para Oiticica, parangolés eram capas de seda, algodão ou náilon, criadas por ele, e apresentadas pela primeira vez em 1965, no MAM do Rio de Janeiro, com a participação especial dos passistas e sambistas da Mangueira. Essa apresentação foi um ato de protesto do artista, quando à época, foi proibido de expor suas obras nesse espaço.

Aproveitando o parangolé, uma homenagem a dois grandes artistas da nossa MPB : ADRIANA CALCANHOTO e MARTINHO DA VILA. A performance corporal de Parangolé da Vila é realizada ao som deParangolé Pamplona do disco Maritimo da minha conterranea Adriana -- agora ADRIANA PARTIMPIM, com o sucesso desse seu último disco. E no final o samba no pé e no coração, com Canta, canta minha gente do da Vila.

22.11.04












Fotos da performance PARANGOLÉ DA VILA" com roteiro e coreografia desta escriba, com os meninos e meninas do PETI, apresentada no Teatro Experimental Cacilda Becker, em agosto deste ano. Fizemos outra apresentação agora na Semana da Cultura e eu ainda não conseguí umas fotos melhores. Mas estas é apenas para dar uma idéia do espetáculo.

13.11.04


"Parangolé da Vila" no Teatro Exp. Cacilda Becker. Esta foto foi tirada depois do espetáculo em frente ao Cacilda. Posted by Hello