31.3.03

"O ator" do BBB3 que motivou a discussão no Forum de Teatro

Estou postando há vários dias, aqui nos blogs, alguns depoimentos selecionados entre os melhores, sobre a discussão que está rolando no forum de teatro sobre a profissão do ator, regulamentação profissional, etc. e que originou entre outros, o depoimento do Igo em "O atorzinho", entre outros protestos.

E tudo começou quando foi enviado ao forum um e-mail denunciando um dos integrantes do BBB3 como assassino, quando agrediu a coronhadas um jovem de dezoito anos por um motivo banal. Questionada pela falta de assinatura no e-mail, a remetente declarou que recebera de um membro da família do jovem assassinado, e apagou o nome do remetente para preservá-lo.

Guardei no arquivo, e não iria publicá-lo não fosse a interessante coluna do ótimo Joaquim Ferreira dos Santos no " No Mínimo", O BOM SELVAGEM BRASILEIRO, onde ele cita os tais ataques do "ator" , e que a própria família do mesmo temia pelo seu destempêro que ele agredisse alguém no BBB3. E até o próprio declara que quando "enxergo tudo escuro", seria a vertigem que anuncia a perda da razão, e não responde pelos seus atos, e declara ainda que responde a vários processos em Goiânia. Então, a ficha caiu, e decidí publicar o e-mail em questão.

Dhomini Assassino
Para quem não sabe ele já responde a três processos por agressão.
Poucas pessoas desconfiariam que esse sujeito de passado obscuro já teria tirado a vida de um jovem rapaz. Pois é, um cara feliz, que está sempre rindo e interagindo com as outras pessoas da casa (Big Brother3), mas examinando melhor o passado de André, nós podemos ver uma pessoa totalmente diferente, um homem sanguinário, vingativo e sangue frio, que não sente nenhuma pena por suas vitimas.
Foi no dia 20/11/98, que Dhomini, então André, se dirigia à um supermercado de Goiânia para fazer compras. Enquanto procurava por uma vaga no estacionamento que seu carro foi fechado pelo Fiat de um jovem de 18 anos que havia acabado de tirar sua carteira demotorista. Revoltado com a situação Dhomini saiu do seu carro para protestar com o jovem. Dhomini, segundo as testemunhas oculares que se encontravam no lugar, saiu do seu carro, descontrolado, e agrediu o jovem verbalmente com palavras de baixo calão. Os ânimos da vítima então se exaltaram e os dois começaram uma discussão.

Insatisfeito, Dhomini retornou ao seu carro, abriu a porta e pegou uma arma de fogo (com o número de série raspado ou seja sem licença) que se encontrava embaixo do assento do motorista. Dhomini arrancou sua vítima, brutalmente de dentro do carro e começou uma sessão pública de humilhação e agressão, enquanto a sua vítima nada podia fazer contra esse monstro. Depois de alguns minutos, o agressor perdeu a cabeça por completo, pegou a sua arma e começou a desferir golpes na cabeça da sua vitima com a coronha da arma (cabo da arma). Foi devido a esses golpes que sua vitima veio a falecer depois de dois dias internado na UTI da Santa Casa de Goiânia. O caso foi arquivado por razões não esclarecidas.
O bom selvagem brasileiro
por
Joaquim Ferreira dos Santos (No Mínimo)

29.Mar.2003 | Vamos parodiar Pedro Bial, dar uma última olhadinha nos nossos heróis porque, felizmente, essa gente muito chata está indo embora. Acaba terça-feira o Big Brother Brasil 3, a confirmação de que o país não produz mais borracha, perdeu também a força no cacau, mas continua imbatível na produção de elementos notáveis para escudo humano na guerra. Foram mais de dois meses de programa e restaram três candidatos ao prêmio de R$ 500 mil. Todos iguais. Todos do interior do país, todos forçando o sotaque na certeza de que isso deu o prêmio dos dois programas anteriores a caipiras exatamente como eles. Todos se forçando um tipo de bonzinho tão gente boa, na certeza de que o país não agüenta mais premiar os canalhas tradicionais. O BBB3 consolidou um novo tipo de canalha. O profissional do reality show. Scud nele.

Num país com 19% de sua população adulta desempregada, o mercado informal ganha esse segmento de viração. Nada contra. O ramo do jornalismo também não está melhor e me surge agora a idéia – por que não? já que as redações estão fechando? já que o filão editorial da auto-ajuda está esgotado? – de escrever um manual que prepare candidatos ao próximo Big Brother 4. "O brasileiro não gosta de gente fria, gosta de gente emotiva" – foi a cola que a professorinha Elane me deu no programa de quarta-feira ao comentar a eliminação de Jean, o cérebro das articulações, uma espécie de Golbery esotérico. No programa de quinta-feira lá estava a professorinha praticando suas idéias. Vinda diretamente do interior da Bahia, de uma cidade onde a energia elétrica ainda é coisa de filme de ficção científica, Elane procurava emocionar o país (primeiríssimo capítulo da nova malandragem) dizendo que tudo que queria na vida – oh! – era entrar numa faculdade.

Segundo capítulo do livro Hei de Vencer no BBB: chore muito. "Quando é que o Jean chorou aqui dentro?", perguntou Viviane, uma moça em enorme dúvida, como é natural na maioria das moças, em se fazer valer pelos dotes interiores, de sua complexidade emocional, mais difíceis de serem flagrados, ou pelos dotes calipígios perseguidos sofregamente pelas 42 câmeras da casa. Viviane, que se apresenta como advogada de Votorantim, São Paulo, continuou articulando as idéias com Elane: "O Dhomini chora e chora muito. Ele era rival do Jean, mas até quando o Jean saiu ele chorou. Será que o público enxerga essas coisas?" A platéia desse game é a mesma da novela que o antecedeu na grade de programação. Não enxerga nada. Gosta de ter as emoções, tão raras no reality show de suas vidas, manipuladas e dadas de bandeja. Carente, Cazuza dizia que até as mentiras, desde que sinceras, o interessavam. No BBB, diante da enorme carência emocional dos infelizes – pelo desemprego, pela falta de cultura, pela miséria nacional – que assistem ao programa, valem lágrimas sinceras. Último parágrafo do segundo capítulo do livro: não existe lágrima de crocodilo na TV. Os três sobreviventes do BBB passaram a quarta e a quinta feira revezando-se no chororô.

É interessante insinuar que você está ali, naquele mundo cão lamentável, mas que os três bês no título do programa – bíceps, bumbum e baixaria – não lhe dizem respeito. Sou de outra cepa, mermão. Viviane chorou na quinta-feira porque o programa estava chegando ao fim e ela sentia que, humm, não tinha conseguido passar sua mensagem. Foi no mesmo dia em que Lula disse, em mensagem aos empresários em São Paulo, que na oposição ele fazia bravata mas que agora era governo e ali não era lugar. Qual seria, se esta é a mensagem do presidente, qual seria a mensagem que a roliça Viviane queria passar e não mais nos poderá? É uma das canalhices inventadas pelo padrão BBB de vencedor. Finja-se ser sensível. Fabrique uma boneca de lata para aplacar a solidão, como o Bambam. Pregue um santinho de Aparecida no chapéu de caubói, como fez o vaqueiro no segundo programa. Viviane, na dúvida se será procurada pela Playboy quando sair do zôo, pregou um prego no conteúdo e acenou para as editoras: "Vou escrever um livro com as minhas mensagens".

Tom Jobim dizia que o Brasil não era para amadores. O Big Brother muito menos. "O Dhomini é um profissional, ele se preparou para o programa", reconheceu na quarta-feira a professora Elane, uma moça que dedicou quase todo seu tempo no programa ao exercício na máquina de spinning e construiu um corpo, nada a ver com o que chegou ali no início do ano, que certamente se recusará a seguir de volta para a cidade em eterno blecaute de onde veio. Definitivamente, não há vaga para ingênuos no BBB. Elane, além de ter consolidado a imagem de a mais pobre, quase não abriu a boca. Vinte pontos. Viviane, antipaticíssima, fez-se mosca morta e passou aos outros a impressão de que não precisariam se preocupar com ela. Outros 20 pontos.

Dhomini, no entanto, pontuou mais e deve levar a grana. Além de ser o caipira da vez, cumpriu a tarefa fundamental de seduzir uma parceira e, com ela, na boa, deitou-se na cama à espera da justiça do povo-0300, êta gente boazinha!, quando os outros participantes, enciumados, vingativos, tentaram defenestrá-lo por quatro semanas consecutivas. É um caso típico do bom selvagem brasileiro. Ao mesmo tempo em que se mostrava sedutor e brincalhão, Dhomini traiu a namorada em rede nacional. Disse que briga muito em sua cidade (tem processos por isso). Que por várias vezes durante o programa, quando os adversários o mandaram para o paredão, viu tudo escuro. Que trata-se da vertigem que anuncia o momento em que perde a razão e sai dando porrada. Que quando saiu de Goiânia para o programa, sua família só lhe pediu que não batesse em ninguém na casa do BBB. Que, profissional até a última linha, cumpriu o pactuado. Sobre o que fará agora do lado de fora da casa, Dhomini nada adiantou.

joaquimfsantos@nominimo.ibest.com.br

28.3.03

Eu

Eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora

quem está por fora
não segura
um olhar que demora
de dentro de meu centro
este poema me olha

Paulo Leminski (1944/1989)



27.3.03

Novas diretrizes em tempos de Paz

Estou em estado de graça, de afetos e perceptos, de bençãos dos deuses do teatro, fui assistir hoje (quarta-feira) a premiada peça do Bosco Brasil com o Toni Ramos e o Dan Stulbach Novas diretrizes..., no luxuoso auditorio da EMERJ - Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro -- em uma apresentação especial, abrindo as atividades culturais dessa instituição. Ao final do espétáculo, um raro presente: debate com o autor, os atores e a diretora do espetáculo.

Novas diretrizes em tempos de Paz é o encontro de um funcionário do serviço de imigração e um polonês em busca do seu visto de permanência no Brasil ao fim da Segunda Guerra. O que acontece a seguir é um delicado diálogo entre dois seres humanos solitários que necessitam da Arte para o resgate da sua humanidade. Fiquei chapada com o espetáculo, e há muito não me comovia tanto. A abordagem comovente do teatro como resgate da emoção e do afeto, do teatro que nos faz lembrar que somos seres humanos. A peça é uma celebração à vida, à arte e ao teatro.

Meu avô paterno era imigrante polonês chegado aqui na Segunda Guerra, e pela primeira vez na minha vida, fiquei imaginando o que ele deveria ter passado para conseguir o seu visto de permanência. E eu via o meu avô (eu aprendí a falar polonês com o meu avô, desde as minhas primeiras palavras) até no sotaque encarnado no personagem do Clausevitz, o imigrante polonês interpretado brilhantemente pelo ator Dan Strulbach. As inseguranças, o medo do personagem poderiam ter sido as mesmas do meu avô ao enfrentar situação semelhante a do personagem.

Voltarei ao assunto da peça para falar da minha reconciliação com o "teatrão", a
partir desse espetáculo.
Um agradecimento muito especial à minha querida amiga blogueira, Cora Rónai, a primeira pessoa que me deu o toque sobre esse espetáculo, quando comentou lá no InternETC a respeito.

25.3.03

Sobre "O Atorzinho" - depoimento do jovem ator Rafael Rodriguez

É pura verdade o que o Igor escreveu. Fui no ano passado procurar um curso legal no Rio e só encontrei cursinhos água com açúcar (não eram ruins, o problema é que a maioria dos alunos estavam ali para aparecer e falar que é melhor que o outro, o pior era e é ver criança assim). Estava muito triste e frustrado com isso tudo... fiz interpretação para vídeo, etc... Até que na semana passada encontrei um curso muito bacana de formação profissional e o melhor sem ser caro.
* Este depoimento do Rafael estava lá no comentários do Teatro ETC & Tal, ele fala por si, corroborando o texto do Igo Ribeiro. Rafael Rodriguez é ator e blogueiro. É o criador do ótimo blog A escada, onde ele posta os melhores textos sobre teatro (De Artaud, Louis Jouvet a Rubens Correa).
* Esse post da Rosinha-Sadam foi um presente do David. Foi criado especialmente para o meu blog. Estreiou aqui. Se alguém quiser levar, sinta-se á vontade.
David Lima é ator (formado pela CAL) blogueiro, webdesigner, poeta dos bons e escritor. Escreve muito bem, tem textos teatrais, ainda inéditos. É o jovem (apenas 21 anos) mais velho que eu conheço. Impressionantemente maduro para a sua idade, inteligente, bem informado. É o meu mais recente amigo de infância. Gosto muito de trocar idéias com ele. Estamos sempre conversando pelo ICQ, trocando idéias sobre a guerra, teatro, artes e artistas e amigos em comum.



22.3.03

A guerra do Iraque e os movimentos de singularidade
Esse post foi uma resposta a algumas pessoas, poucas felizmente, que foram ao blog da Cora ( lá tem a cobertura mais completa sobre a guerra ), comentando que não vale a pena protestar.

O importante é gritar, espernear, protestar seja de que forma for, ou por quais meios de comunicação. Ou na falta dos meios tradicionais, inventar outras formas de comunicação (blogar é uma delas) para detonar a nossa indignação perante um mundo cada vez mais deteriorado, caótico e absurdo.

Milhares e milhares, milhões de pessoas unidas no protesto como esse agora da guerra do Iraque, vão se constituir em uma fôrça invisível atuando nos domínios de sensiblidade, de inteligência e desejo humano, focalizada no destino da humanidade, agindo assim individual e coletivamente para encontrar soluções para a saída de uma das maiores crises da nossa época.

São os movimentos singulares de subjetividade humana, assim nomeados pelo psicanalista e filósofo francês Félix Guattari, quando criou a ECOSOFIA -- articulação ético-política entre os três registros ecológicos: o do meio ambiente, o das relações sociais e o da subjetividade humana. Embasado na Ecosofia, o movimento ecosofista para pensar e trabalhar as questões prementes da humanidade.

Tomei conhecimento do movimento ecosofista quando estava morando em Paris, em 1993/1994, e conhecí alguns adeptos desse movimento. Embarquei direto nas idéias ecosofistas. Desde então, tenho pautado o meu comportamento ético-artístico-existencial embasada no pensamento ecosófico. Para contrariar a idéia que os meus amigos fazem de mim quando me chamam de novidadeira, e torceram o nariz, achando que seria uma novidade passageira, já fazem quasi nove anos.

O blog -- o meu, o teu, o nosso blogar, é um desses movimentos de singularidade. É um processo de singularização numa nova prática social de comunicação na relação com o outro, com o estrangeiro, com o estranho, nova prática de militância de idéias, de trabalho, etc.etc. etal. e que diga mais Hernani Diamantas, mestrado e doutorado no assunto.

Toda uma dinamização da retomada de confiança da humanidade em si mesma está para ser forjada aos poucos, e às vezes, a partir dos meios os mais minúsculos. (O blog se insere nesse contexto). No mínimo pelo fato de que corremos o risco de não mais haver história humana se a humanidade não reassumir a si mesma radicalmente. O ideal é dificultar o pessimismo e a passividade que nos envolvem.
Assim falou Félix Guattari em "As três ecologias".

20.3.03

Minha Guerrinha Pocotó
[Versão: A Bush de Blair] - por David Lima

Um beijinho pro Chirac e também para o Putin
Só não posso é deixar de explodir tudo sozinho

Pocotó, pocotó, pocotó, pocotó
O Iraque vai virar pó
Pocotó, pocotó, pocotó, pocotó
Do Saddam não tenho dó

Bush e Blair são espertinhos
Eles nunca atacam só
Quando inventam de 'bombar'
Chamam o idiota do Aznar

Pocotó, pocotó, pocotó, pocotó
E a ONU é bocó
Pocotó, pocotó, pocotó, pocotó
Pacifista me dá dó

Meus canhões são poderosos
Meu exército é o maior
Quando ataca os inimigos
É o meu prazer maior

update: mudança do título da música brilhantemente dada pela Naiara

Esta parodia de Pocotó eu roubei aqui do Marola, blog do meu amigo David Lima -- ator, poeta, escritor e blogueiro.
Eu estava pensando em postar aqui um texto, uma poesia ou uma frase de algum autor que refletisse com humor e picardia o tema guerra. Tudo o que eu encontrei era muito pesado e dramático, até chegar ao blog do David.
Essa parodia do funk Pocotó do MCSerginho para falar dessa guerra absurda foi um achado genial. Com um texto caustico e mordaz, detona geral, mostrando o seu inconformismo e a sua visão do mundo contemporâneo com muito humor e criatividade. Adorei. Valeu, David.

Olha aqui o site do Igo Ribeiro -- autor do texto que está gerando muitos comentários nos dois blogs: O Atorzinho. Tá com tudo em cima para ganhar o papel de galã na novela das oito, fosse esse o seu objetivo artístico.

16.3.03

O atorzinho
ou Como ser um atorzinho na vida

Primeiro: Matricule-se num cursinho da moda. Vale tudo: interpretação pra tv com diretor famoso, técnicas psicobiofísicas do teatro contemporâneo, acrobacia aérea no teatro elisabetano e qualquer coisa que entre Nelson Rodrigues. O importante é ser cult e ser caro, muito caro.

Segundo: Frequente o Baixo Gávea, o Posto 9, Santa Teresa (morar lá então é o must), qualquer show de forró ou chorinho (que tá na modinha) e a Lapa dia de semana. Estar nestes lugares em dias e horas extravagantes é a grande dica.

Terceiro: Chegue sempre atrasado em qualquer compromisso. Diga que estava num ensaio e complete com frases do tipo: - Ai, minha vida está uma loucura...não tenho tido tempo pra nada!

Quarto: Tenha amigos em todo lugar. Talento não abre portas. Seja sempre conhecido de fulano, ex-namorado de sicrana ou sicrano, primo de beltrano ou cunhado da filha do irmão do padrinho de qualquer pessoa. Se for filho de alguém então, você está feito!

Quinto: Aceite qualquer trabalho para tirar o registro. Vale tudo: não importa o número de peças infantís retardadas que você fez, junte tudo num envelope bem bacana, anexe umas declarações de uns cursos que você nunca fez, mas conhece o cara que deu, e garanta o seu passaporte para o sucesso!

Sexto: Faça muito "Projeto Escola" canalha. Junte um grupinho e monte uma pecinha sobre drogas ou ensinando criança a escovar os dentes ou cuidar da mamãe natureza. Ganhe muito dinheiro com isto e diga a todos que você, pelo menos, tá fazendo teatro!!!

Sétimo: Guarde suas opiniões sempre para você (se é que você tem alguma). Ator tem que ser bonitinho, carismático, mudo, surdo, cego e burro.

Oitavo: Não fique indignado quando aparecer outros na sua frente iguais a você, tirando o seu espaço. Isto se chama inveja e é muito feio!

Nono: Idolatre tudo que estiver na mídia. E ponto.

Décimo: Faça o esforço que for para ser visto em estréias concorridas e diga que recebeu o convite da produção. Vá com uma roupa bem chamativa, mas mantenha um ar de despojado... Antes da peça começar, fale com todos os conhecidos que encontrar para denotar popularidade. Quando sentar na cadeira, estale o pescoço e gire os ombros. Ator vive se alongando!

Pronto. Você já é um ator! Todos já lhe notaram. Está preparado para ser um astro! Se Almodovar ainda não lhe colocou num filme, é porque não lhe conhece ainda!
Como quem é Almodovar??? Mulheres a beira de um ataque de nervos, Fale com ela...
Ah, deixa pra lá!!!

PS - Esse texto é do ator, diretor e professor de teatro, o IGO RIBEIRO. Eu roubei lá do Forum de Teatro, onde está rolando há mais de duas semanas uma discussão sobre a profissão de ator. Não resistí. O texto do Igo é genial, muito bem sacado e com muito bom humor. Mas também é ácido e contundente, a marca inconfundível do Igo, que quando entra no forum arrasa numa boa ou detona geral. Adoro ele. É brilhante. E torço pela sua carreira.

15.3.03

Evolução
O que me impressiona, á vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser o nosso futuro.
Mario Quintana - Caderno H

14.3.03

Matusalém, Matusca -- é tudo mentira, ou não.

Na vizinhança blogueira, tem um blog que tem por símbolo um sarcófago, que vem atraindo a mulherada como um imã. O blog tem de desenhos animados louquíssimos e cartuns com o personagem Capitão Chopp, textos de receita de torta sueca a narração das fantásticas aventuras vividas pelo dono do blog, o Matusalém, Matusca. Aqui Nominimo, mereceu uma chamada na primeira página, e além disso, é o blog favorito da semana. A verdadeira identidade desse Matusa é um mistério, mas todo esse assédio da mulherada sinaliza que o símbolo daquele sarcófago disfarça a existencia de alguém vivo, muito vivo e
bem disposto. O que será que será? Não sei. Não sei não, mas desconfio de muita coisa...

12.3.03

A dura vida de artista
Aqui no meu outro blog, o Teatro ETC & Tal, um contundente depoimento de uma talentosa e respeitada diretora teatral que depois de vender não sei quantos bens herdados de família -- inclusive apartamentos para pagar dívidas de seus investimentos no teatro, despediu-se da vida artística e foi embora do País, encerrando assim uma sólida e brilhante carreira com contribuições definitivas para o teatro brasileiro, apesar de quasi ignorada pela crítica teatral e pela mídia.

UPDATE:Aqui na revista on-line Interpalco, com chamada na primeira página, um comentário crítico que eu fiz sobre "O PENHOR DESSA IGUALDADE", o último espetáculo aqui no Rio, da diretora em questão.

11.3.03

Amor mal resolvido?
Ouví de passagem, esta frase dita pela personagem da Vera Holtz, na novela das oito:
"Vai lá, fala com ele. Amor mal resolvido é a peor coisa na vida". Tóóiiiinnn... Forte, não?

9.3.03

Antigamente, não podia entender porque as minhas perguntas ficavam sem reposta; hoje, não posso entender como é que pensei ter a capacidade de perguntar. Na verdade, eu realmente não pensava: eu apenas perguntava.
Parei na desse instigante aforismo detonado por Franz Kafka.

7.3.03

Um lencinho
não dá para enxugar
o rio de lágrimas
que eu tenho para chorar.

Esse versinho é a letra de uma canção que eu aprendí ouvindo um programa de músicas da antiga, na Radio Nacional. Adorei a letra e a música, mas não conseguí pegar a segunda parte. Desde então, só dá essa música no meu repertorio. Ela lembra aquelas músicas cantadas pela Emilinha, naquele seu conhecido gesto com os braços levantados a altura dos cotovelos, o dedo indicador de cada mão levantado e apontando pra cima, liderando os movimentos de um ligeiro balanço de corpo. Eu canto assim incorporando a Emilinha. Treinando de leve uma mímesis corpórea.

6.3.03

Quem plantar a paz
Vai colher amor
Um grito forte de liberdade
Na Estação Primeira ecoou.
Perder por um ponto -- um ponto apenas, é muito triste. Valeu, Mangueira. O samba enredo mais bonito e o melhor puxador de samba-enredo: Jamelão.

4.3.03

* Esse post de Pocotó, postado aqui na íntegra, é a minha participação no forum permanente de debates do COMUNIQUE-SE -- o maior portal de encontro de jornalistas brasileiros. A discussão lá está acirrada, rolando desde a quarta-feira da semana passada na seção EM PAUTA, sobre o artigo do jornalista, escritor, cartunista e publicitário Luciano Pires, com o título: A baixaria dominou tudo ( tá tudo dominado) .
Se quiser dar um pitaco nessa discussão, sinta-se á vontade.
Pocotó, Lacraia e MCSerginho

Eguinha Pocotó é muito mais do que uma musiquinha sucesso do momento, ela é o retrato do nosso Pais, ela é a nossa cara, com todos os nossos problemas politico-socio-culturais-educacionais. Desculpem a obviedade, mas é isso aí. A gente fala muito do óbvio, mas não pensa o óbvio -- ululante, como diria o nosso Shakespeare, o genial Nelson Rodrigues. Para o gôsto elitista, pequeno-burguês, o sucesso de músicas como essa, é ver o triunfo da vulgaridade, da
mediocridade, da imoralidade, etc. e tal. e todos esses parâmetros da nossa moral pequeno-burguêsa, acomodada e preconceituosa. Serginho, Lacraia, Pocotó mexeram com todos esses valores.

Agora, Pocotó, MCSerginho e Lacraia, vistos sob outra ótica, com um outro olhar, um olhar despojado de preconceitos e voltado para a compreensão e o entendimento, e com muito mais atenção para essa outra realidade, procurando ver além disso, como o estudante João Pequeno Bandeira de Mello falou aqui com muita propriedade, quando disse que não foi o Gugu e nem Faustão que deram o sucesso para eles. Eles batalharam essa conquista. Foi batalhada, conquistada palmo a palmo. Vi na internet, uma entrevista do Serginho e Lacraia no bate-papo do Uol, onde ele conta isso. Foi frentista, DJ, sendo que nessa última função foi onde tudo começou, "quando o baile tava fraco a Lacraia começava a dançar". Daí à composição foi um passo.

Conta também que sempre fizeram sucesso com o povão e as crianças - sempre elas, os nossos mestres, sem preconceito. Nessa entrevista, ele fala com muita honestidade o seu relacionamento-casamento com o Lacraia, há doze anos, e os preconceitos que ambos enfrentaram antes do sucesso. Só pelo fato de ter sempre assumido esse relacionamento, já é merecedor de todo o nosso respeito.

Não vejo televisão, por opção e algumas vezes por falta de tempo ( trabalho e estudo). Não vi esses programas, e nem ouvi no rádio, mas tenho acompanhado o ti-ti-ti em tôrno. Agora, depois do que a goiana Auri falou aqui, eu também tenho sangue mestiço, não posso ouvir nenhuma batida que já saio balançando o esqueleto, vou dar um jeito de ouvir logo.

Quanto a letra da eguinha Pocotó eu acho um primor de afetuosidade, carinho e delicadeza, quando manda beijinhos para a filhinha e a vovó. Adorei. Na entrevista ele fala que Pocotó foi feita para a sua filha, a Carol. A Carol, parece-me que é cuidada pela avó. Ele era casado, separou-se, e um tempo depois conheceu o Lacraia, na quadra do Salgueiro, aqui no Rio de Janeiro

Entre os valores abordados, vale ressaltar o companheirismo, sem discriminação de sexo ou classe social, quando canta que o cavalinho e o jumento levam a eguinha para passear. Vale mencionar que não foi esquecido aqui o amiguinho jumento (também chamado de burro) de outra classe social. Na hierarquia social equina, o jumento é considerado de baixa classe social. Além disso, a delicadeza, o carinho e o cuidado com a amiga, a eguinha Pocotó, levada junto com eles, para passear. Os quadrupinhos, têm um comportamento digno de elogios, e quantos bípedes pensantes mereceriam ser elogiados por um comportamento semelhante

Por outro lado, ele merece o respeito pela conquista do sucesso, nada fácil. Ralaram muito antes disso. Jornada essa duplamente díficil, considerando-se o seu assumido homosexualismo. Sou também atriz, bacharel em artescênicas, pela UFRGS, e vim para o Rio fazer teatro, e enveredei por outros caminhos por questões de sobrevivência. Portanto, eu sei muito bem o que significa ser artista, ou ter aspirações a tal nesse nosso País.

Quanto ao primarismo, etc. etal apontado nas letras, queriam o quê de um cara semi-alfabeto, sem nenhuma instrução ou qualquer tipo de orientação educacional ou cultural. Para quem não teve orientação, além do funk e dos bailes funks que ele adora, o seu gôsto é bastante eclético. Gosta de pagode, música sertaneja e música clássica. E declaro aqui que espero anciosamente as outras músicas da dupla para o próximo CD: " Cavalo da pata quebrada " - a resposta do cachorrinho, e " Cafetão de Puta Pobre ".

Finalisando eu quero dizer que nessa diversidade cultural de várias procedências e muitas tendências, tenho o maior orgulho e o prazer de constatar nesse cenário artístico-musical brasileiro, o grupo originário do município de Arco Verde - porta de entrada do sertão pernambucano, o Cordel de Fogo Encantado. Como muito bem disse o João P. Bandeira de Mello é inesquecível, principalmente quando o jovem vocalista e pandeirista do grupo, o Leirinha recita lindamente os versos de cordel nordestino. Lindo demais. Para complementar a a lista de músicos e compositores, postada aqui pela goiana Auri, o João, o Talis, Cyntia Cruz, Fabio de Mello e Marcos Farias, citarei os da antiga, Ismael Silva, Vadico, Assis Valente, Geraldo Perreira, Sinhô; da moderna geração Chico Science, Zeca Baleiro, entre outros; o cearense Fagner, os mineiros Wagner Tiso e o grupo instrumental Uakti; os gaúchos Ney Lisboa, Victor Ramil e Lupiscinio Rodrigues; os paulistas Adoniran Barbosa e Renato Teixeira; o baiano avô do rock nacional, o Raul Seixas e os geniais curitibanos, vanguarda da vanguarda, o "nêgo dito" Itamar Assumpção e o "tubarão" Arrigo Barnabé.
E para finalizar deixo aqui esse verso - o meu preferido - do poeta Octávio Paz:

Me olho no que vejo / como entrar por meus olhos / com um olhar mais puro / é todo o meu desejo.

1.3.03

Só até domingo
TEATRO EM CIMA E EMBAIXO DO PALCO: GRUPO SOBREVENTO COMEMORA 15 ANOS
ENCENANDO A PEÇA ‘SUBMUNDO’ A 80 CENTÍMETROS DO CHÃO NO TEATRO DO JOCKEY
um espetáculo onde os atores utilizam desde uma folha de jornal
para criar bonecos, até lenços que ganham movimentos, sempre falando de
questões relativas ao Terceiro Mundo, invariavelmente com linguagem
poética. O cenário revela a idéia de um mundo subjacente a um outro,
através da utilização de dois planos. A ação se passa sobre a estrutura de
ferro. Sua preparação, porém, tem lugar ao nível do chão, coberto de areia.
Por meio de alçapões se dá a comunicação entre os dois planos.
Imperdível. Maiores detalhes aqui no blog de artes cênicas, Teatro ETC & Tal.






Parfois la semaine
Eu não quero ser pessimista, mas estamos todos vivendo no meio de uma guerra civil. Essa semana, no meu trabalho, a frequência de alunos não foi nem dez por cento. Quasi todos moram na periferia do Rio, e devido aos confrontos policia-bandidos, uns nem sairam de casa com medo, outros foram proibidos pelos bandidos de se afastar do morro, como já aconteceu em várias ocasiões. A diferença é que dessa vez durou a semana inteira. E a boataria, ou as histórias que o povo conta não saem no Jornal Nacional, e nos jornais impressos, quando saem é pela metade. Tem algo estranho no ar.

Nosso grito de Carnaval : SOCORRO!
Raramente assisto o noticiário da TV, mas hoje á noite em pleno Jornal Nacional,
surgiu uma propaganda ou sei lá o que era aquilo, alguém disse Nosso grito de Carnaval, e aparece uma cara no meio de um desfile gritando Socorro! Socoooorrrro! Nossa! Foi muito forte esse lance. Durou alguns segundos aquele pedido de socorro. Ato contínuo voltou para o Jornal Nacional, e apareceu aquele locutor dando as notícias do dia. Esperei que voltasse a frase e a imagem mas não voltou. Alguém viu? Gostaria muito de saber algo sobre esse lance.